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O retorno dos mercados americanos após o feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos foi marcado por uma forte aversão a ativos de risco, que pesou principalmente no desempenho das bolsas de Nova York. A decepção com o índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial renovou os temores dos investidores em relação à possibilidade de recessão da economia americana, e os índices acionários de Wall Street recuaram até 3%.
O índice Dow Jones fechou o pregão em queda de 1,51%, a 40.936,93 pontos; o S&P 500 recuou 2,12%, a 5.528,93 pontos; e o Nasdaq tombou 3,26%, a 17.136,30 pontos.
Os 47,2 pontos do PMI industrial americano em agosto, conforme leitura do Instituto para Gestão da Oferta (ISM), reacenderam os temores de que a atividade econômica nos Estados Unidos pode estar caminhando para uma desaceleração mais brusca do que o mercado precifica no momento. Embora o dado tenha exibido alta em relação aos 46,8 pontos de julho, o resultado veio abaixo do esperado e ainda refletiu um aumento dos estoques na indústria, e não uma melhora das condições no setor.
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“O PMI industrial do ISM avançou pelos motivos errados em agosto”, avaliam Tim Quinlan e Shannon Seery, economistas do Wells Fargo, em relatório. De acordo com eles, sem o avanço no componente de estoques, o PMI teria caído 0,8 ponto.
Ainda assim, Quinlan e Seery não enxergam risco elevado de recessão nos Estados Unidos. “Embora uma leitura abaixo de 50 pontos possa indicar um cenário desanimador para o setor industrial, é preciso uma leitura ainda mais baixa para sinalizar uma recessão para a economia como um todo; 42,5 pontos, de acordo com o ISM. Portanto, o relatório de hoje [ontem] é, de modo geral, consistente com um tema que vem se mantendo durante a maior parte dos últimos dois anos: a economia ainda está se expandindo, mesmo que o setor fabril não esteja.”
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De qualquer forma, os mercados voltaram a exibir forte estresse ontem, e o índice de volatilidade VIX, conhecido como o medidor do “medo” de Wall Street, subiu 33,25% e voltou ao patamar de 20 pontos. O movimento lembrou o pânico do começo de agosto, quando o VIX alcançou um pico de 65 pontos.
A busca por segurança ainda fez os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, recuarem: a taxa da T-note de 2 anos cedeu de 3,925% a 3,873% e a da T-note de 10 anos caiu de 3,911% a 3,836%.
Além da aversão a risco, os Treasuries se beneficiaram de comentários da ex-presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland Loretta Mester que deixou o cargo em 30 de junho. Em entrevista à CNBC, ela deixou a porta aberta para a possibilidade de um corte de juros mais agressivo das taxas de juros neste mês, de 0,5 ponto percentual. A declaração chamou a atenção do mercado, uma vez que Mester foi uma das vozes mais conservadoras do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) nos últimos anos.
Em relatório mensal de perspectiva, o estrategista sênior de EUA do Rabobank, Philip Marey, afirma que o Fed deve entregar quatro cortes de juros seguidos entre setembro e janeiro do ano que vem, influenciado por uma deterioração adicional do mercado de trabalho, levando a taxa de juros americana ao patamar de 4,25% a 4,5%. O que acontecerá a partir daí depende em grande parte das políticas econômicas adotadas pelo próximo governo, diz.
“Uma vitória de [Donald] Trump provavelmente levaria a uma tarifa universal e a uma reaceleração da inflação que deve interromper o ciclo de cortes do Fed. Uma vitória de [Kamala] Harris provavelmente seria menos inflacionária e daria margem para cortes adicionais em 2025”, prevê Marey, cujo cenário-base ainda contempla uma vitória do ex-presidente republicano em novembro. “Entretanto, se Harris conseguir manter seu atual impulso nas pesquisas, teremos de alterar nossa suposição sobre o resultado da eleição e, provavelmente, acrescentar alguns cortes do Fed”, diz o estrategista.
Fonte: Valor Econômico

