A farmacêutica japonesa Takeda está cortando empregos nos Estados Unidos e no Japão devido a resultados fracos.
A Takeda fabrica, entre outros produtos, a vacina contra a dengue aplicada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
A empresa planeja demitir cerca de 80 funcionários até o fim de março, mostra uma Notificação de Ajuste e Retreinamento de Trabalhadores registrada no estado de Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos. A empresa havia dito anteriormente que demitiria ou transferiria cerca de 800 trabalhadores em Massachusetts e cerca de 300 na Califórnia.
Em maio, a Takeda anunciara planos para investir 140 bilhões de ienes (US$ 930 milhões) em restruturação. Inicialmente, a empresa disse que o objetivo era melhorar a produtividade investindo em tecnologia digital e usando automação e inteligência artificial, mas ficou claro que a maior parte da restruturação era uma redução global da força de trabalho.
O programa de demissões voluntárias no Japão, anunciado na segunda-feira, é o segundo da empresa. O primeiro havia sido em 2020. A rodada anterior se aplicava a funcionários com 30 anos ou mais, com três ou mais anos de serviço, e acredita-se que várias centenas de pessoas tenham aceitado.
Desta vez, qualquer pessoa na empresa com pelo menos três anos de serviço estará elegível. As demissões geralmente são abertas a funcionários mais velhos em meio de carreira e veteranos, mas a última rodada da Takeda pode incluir trabalhadores na faixa dos 20 anos.
A receita da farmacêutica para o ano fiscal 2023, encerrado em março de 2024, atingiu 4,26 trilhões de ienes, mas a receita doméstica foi de apenas 451,3 bilhões de ienes, cerca de 10% do total. As vendas da Takeda caíram no Japão devido ao surgimento de versões genéricas de um de seus principais medicamentos para tratamento de pressão alta em 2023, juntamente com o encolhimento do mercado farmacêutico do país em geral.
O suporte da Takeda para funcionários japoneses que aceitam a demissão voluntária inclui benefícios adicionais de aposentadoria, ajuda para encontrar um novo emprego e compensação por licença remunerada não utilizada.
A abordagem da farmacêutica em relação ao emprego, como visto nas demissões em ambos os países, mudou. Passou do estilo japonês, de nutrir e desenvolver jovens, para o estilo americano, em que são recrutados funcionários em meio de carreira passíveis de demissão se os ganhos piorarem.
Alimentando a reestruturação está uma sensação de crise sobre desempenho e crescimento lentos. A empresa projeta que a receita aumentará 2%, para 4,35 trilhões de ienes, no ano fiscal 2024, que termina em março de 2025. Mas o lucro líquido deve cair 60%, para 58 bilhões de ienes, deixando os acionistas nervosos.
As margens de lucro estagnaram nos últimos anos. Do ano fiscal de 2019 ao ano fiscal de 2023, o retorno médio sobre o patrimônio líquido da empresa ficou em 4,02%, sendo de apenas 2,11% no ano fiscal encerrado recentemente, segundo dados do provedor Quick FactSet. Seu ROE foi.
O preço das ações também está fraco. Os papéis fecharam a 4.255 ienes na terça-feira, queda de 39 ienes em relação à segunda-feira. A Takeda é a maior empresa farmacêutica do Japão em termos de vendas, mas sua capitalização de mercado está em terceiro lugar, atrás da Chugai Pharmaceutical e da Daiichi Sankyo.
O executivo-chefe (CEO), Christophe Weber, ganhou 2,08 bilhões de ienes (US$ 13,8 milhões) no ano encerrado em março, incluindo prêmios em ações. Andrew Plump, presidente de pesquisa e desenvolvimento da Takeda, ganhou 1,15 bilhão de ienes. Weber ganhou pouco mais de 15 bilhões de ienes em remuneração executiva total nos últimos dez anos.
Com o desempenho e o preço das ações da Takeda estagnados, alguns acionistas estão expressando preocupação sobre a remuneração executiva, dizendo que se a empresa não anunciar medidas além de demissões, pessoas talentosas começarão a deixar a empresa.
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Fonte: Valor Econômico