O CEO do grupo, Ricardo Bottas, reconheceu o período complexo para a companhia e o segmento como um todo
Por Sérgio Tauhata, Valor — São Paulo
11/08/2022 12h49 Atualizado há 5 horas
A sinistralidade atípica enfrentada pelo segmento de seguro saúde tende a cair, mas permanecer ainda acima da média histórica nos próximos meses, avaliou a vice-presidente de Saúde e Odonto da SulAmérica, Juliana Caligiuri, durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre. “Temos visto uma multiplicidade de variáveis impactando a sinistralidade e não apenas a covid-19”, pontuou.
O CEO do grupo, Ricardo Bottas, reconheceu o período complexo para a companhia e o segmento como um todo. “No segundo trimestre, tivemos um período repleto de desafios como consequência, tanto direta quanto indireta, de mais de dois anos de pandemia”, afirmou.
O executivo citou a elevação de custos de tratamentos, consultas e internações e a subida no volume de procedimentos eletivos neste ano que haviam ficado represados no período de isolamento. “A retomada de eletivos tem ficado acima do período pré-pandemia”, avaliou.
De acordo com Caligiuri, com uma suavização da pandemia e a retomada de uma rotina mais normalizada pelas pessoas, “tem ocorrido uma mudança no comportamento do consumidor, que está mais preocupado com a saúde, então, por exemplo, o número de exames por pessoa e o número de pessoas fazendo exame tem aumentado”.
A vice-presidente de Saúde e Odonto explicou que a pressão inflacionária é outro componente de pressão sobre a sinistralidade. “O IPCA está bastante alto e isso dificulta negociações [de repasse]”, pontuou.
A sinistralidade do grupo no segundo trimestre apresentou alta de 2,6 pontos percentuais, para 88,4%, na comparação com o mesmo período de 2021. Já o índice combinado ampliado, que reflete uma relação entre as despesas, incluindo sinistros, e receitas da companhia, alcançou 101,4%, com subida de 0,2 ponto ante o segundo trimestre de 2021.
A primeira metade de 2022, porém, reforçou sinais de uma tendência de arrefecimento dos sinistros diretamente ligados à covid-19. Entre janeiro e junho, houve queda no impacto das indenizações e custos de tratamento para a doença. Segundo a companhia, em todo o primeiro semestre de 2022, o grupo desembolsou R$ 77 milhões relativos a sinistros e custos médicos relacionados a pandemia. Trata-se de um recuo significativo ante os R$ 200 milhões pagos no mesmo período em 2021.
“Temos sinais de que estamos finalmente vendo o final desta crise, com números de casos, internações e óbitos ligados ao coronavírus em patamares cada vez menores”, afirmou Bottas.
Apesar do peso da inflação médica, da alta de procendimentos eletivos e do ainda significativo impacto da pandemia, a SulAmérica registrou forte aumento no lucro líquido no segundo trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2021. A companhia teve lucro líquido de R$ 138,9 milhões com alta anual de 373,3%.
No semestre, a seguradora acumulou um lucro de R$ 163,3 milhões, o que representa um avanço de 96,1% ante a primeira metade de 2021. O resultado operacional subiu 8,3% no segundo trimestre, comparado ao mesmo período de 2021, para R$ 5,637 bilhões.
No acumulado do semestre, a SulAmérica teve uma receita sem considerar os ganhos financeiros de R$ 11,061 bilhões, avanço de 6,4% frente a janeiro a junho do ano passado. Já o resultado financeiro deu um salto anual de 463,3% no segundo trimestre, para R$ 194,5 milhões. Conforme a companhia, a linha reflete, principalmente, a performance dos ativos indexados à taxa básica de juros Selic.
Sobre o processo de integração à Rede D’Or, o CEO explicou que o grupo continua a seguir os trâmites e aguarda a conclusão da análise dos reguladores. Bottas citou que o primeiro órgão a aprovar a combinação de negócios com o grupo hospitalar foi a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Em relação ao prazo para a confirmação dos demais reguladores, o executivo não citou um período. Apenas ressaltou que as companhias já fizeram as requisições necessárias e que o processo se mantém dentro das estimativas.1 de 1 Ricardo Bottas, presidente da SulAmérica — Foto: Foto: Divulgação
Ricardo Bottas, presidente da SulAmérica — Foto: Foto: Divulgação
Fonte: Valor Econômico