As tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ter um impacto marginal negativo para os segmentos de saúde e educação no Brasil, uma vez que o mercado doméstico é o principal foco de ambos segmentos em termos de receita, diz o UBS BB.
Os impactos, segundo os analistas Andre Salles, Leonardo Olmos e Eduardo Resende, devem ser mais indiretos, como maior inflação, potencial enfraquecimento da moeda brasileira e menor apetite por investimentos em empresas brasileiras.
No entanto, o principal risco aos setores é a possível retaliação do governo brasileiro, uma vez que isto desencadearia uma série de eventos que prejudicaria as empresas de saúde, mais do que as educacionais. Entre os efeitos, o banco destaca aumento de custos em medicamentos e materiais importados dos EUA. O aumento nos custos das operadoras deverá ser repassado aos clientes individuais e corporativos.
De acordo com um estudo do grupo Farma Brasil, com dados do Ministério da Indústria e Comércio, cerca de 18% das importações brasileiras de medicamentos vêm dos Estados Unidos.
Se esse for o caso e o Brasil retaliar, os hospitais parecem estar melhor posicionados do que operadoras exclusivamente de saúde para suportar um possível choque de preços. No cálculo dos analistas, como as operações hospitalares têm 30% a 35% de exposição de seus custos relacionados a materiais e medicamentos, os impactos negativos de tarifas recíprocas podem variar de 2,3% a 3,2% dos custos totais para os hospitais. Além disso, os custos poderiam ser mais facilmente repassados, ajudando a mitigar os efeitos.
O banco alerta: “Ainda que reconheçamos que a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) poderia controlar aumentos de preços em alguns medicamentos, isso poderia criar um desequilíbrio no mercado, impactando severamente as importações”.
Caso haja retaliação tarifária, há chance de o setor negociar uma isenção, dada a importância que o sistema público de saúde desempenha, o que seria fundamental para limitar potenciais impactos negativos no setor.
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Fonte: Valor Econômico