A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou, nesta quarta-feira (14), o surto de mpox como emergência global de saúde pública. Desde 2022, 116 países e/ou territórios já registraram ao menos um caso da doença, aponta um relatório da entidade divulgado no início desta semana.
Segundo o documento, publicado no último dia 12, entre 1º de janeiro de 2022 e 30 de junho de 2024, os Estados Unidos registraram o maior número de casos de mpox em todo o mundo. Foram 33.191 no total, sendo 60 óbitos.
O Brasil ocupa a segunda posição. Foram 11.212 casos e 16 mortes desde então. Em terceiro, a Espanha, contabilizou 8.084 casos e três mortes.
Quando considerados todos os países em que houve incidência, foram ao menos 99.176 casos e 208 mortes desde o início do ano retrasado. Os dados têm em conta as informações reportadas à OMS pelas autoridades de cada país. Veja abaixo.
Países com mais casos de mpox entre 1º de janeiro de 2022 e 30 de junho de 2024
Em seu mais recente relatório, a OMS destaca ainda que, do número total de casos registrados, 934 foram confirmados apenas em junho deste ano. O mesmo mês também contabilizou quatro mortes. A entidade avalia que os números “ilustram a transmissão contínua da doença” em todo o planeta.
Quando considerados os números do período, a África aparece como o continente com mais incidência de diagnósticos positivos. Foram 567. A República Democrática do Congo, por sua vez, concentrou 96% dos casos, aponta o documento.
O aumento de novos casos no continente — começando no Congo e se espalhando posteriormente — está ligada à nova revisão de risco por parte da OMS informada hoje. Ao declarar emergência global de saúde pública, a entidade pode acelerar pesquisas, aumentar o financiamento e as medidas de cooperação internacionais para conter a doença. Essa é a segunda vez desde 2022 que a mpox recebe a classificação.
Depois da África, o continente americano contabilizou o maior número de casos de mpox registrados em junho. No total, foram 175. A Europa dá continuidade à lista, com 100 diagnósticos. Finalizam o levantamento as regiões do Pacífico Ocidental (81) e sudeste asiático (11).
A mpox — antes popularmente conhecida como “varíola dos macacos” — é uma doença causada a partir da infecção de uma pessoa com o vírus Monkeypox — que também integra a mesma família do vírus da varíola.
A transmissão pode ocorrer por meio do contato direto (pele e secreções, além da exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias) de uma pessoa com outra infectada pelo mpox vírus, materiais contaminados ou animais infectados, como roedores.
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Os sintomas incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo e de cabeça, calafrio e fraqueza.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), o tratamento dos casos de mpox se baseia em medidas de suporte clínico com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir, tratar complicações e evitar sequelas. A pasta lembra que, até o momento, não há um medicamento aprovado especificamente para a doença.
Apesar disso, já existe vacina contra a mpox. Em 2023, o MS chegou a iniciar a vacinação com o imunizante Jynneos/Imvanex, após um surto da doença em 2022 levar à primeira classificação de emergência de saúde global por parte da OMS. A liberação foi aprovada pela Anvisa, que, na época, autorizou o uso provisório da vacina. A permissão valeu até março deste ano.
Na ocasião, foram contemplados a receber o imunizante apenas os grupos com maior risco de evolução para formas graves da mpox. Na lista estavam homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais com idade igual ou superior a 18 anos que vivem com o vírus do HIV.
Também tiveram prioridade os profissionais de laboratório, de 18 a 49 anos, que atuam diretamente com o Orthopoxvírus em laboratórios e as pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox.
O Valor entrou em contato com o Ministério da Saúde, questionando sobre a disponibilidade das vacinas no Sistema Único de de Saúde (SUS). O espaço segue aberto.
*Estagiária sob supervisão de Diogo Max
Fonte: Valor Econômico