Por Rita Azevedo, Valor — São Paulo
22/11/2022 15h49 Atualizado
O desempenho da renda fixa deve superar o da renda variável nos anos do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considerando a expectativa de manutenção da taxa de juros em níveis altos, segundo André Jakurski, sócio-fundador e diretor da JGP. Para ele, por mais que as ações das companhias subam, é difícil que, no médio prazo, elas consigam superar o retorno de ativos atrelados aos juros.
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Em evento promovido hoje pela JGP, Jakurski disse que não gosta de fazer previsões, mas que acredita que, durante os próximos anos, a taxa de juros será maior “do que a gente imaginaria em um governo mais conservador”. “Provavelmente, os ativos financeiros ex-juros não vão ter uma perfomance tão alvissareira. É o que posso dizer em termos de perspectiva”, disse.
Ainda sobre o país, Jakurski afirmou que as próximas semanas serão fundamentais para definir qual cenário os investidores devem enfrentar daqui para frente, considerando o desfecho das discussões envolvendo a proposta de emenda constitucional (PEC) da Transição e o anúncio dos nomes da equipe do próximo presidente.
Sobre a PEC, ele acredita que a proposta aprovada vai prever gastos extra-teto de R$ 110 bilhões a R$ 120 bilhões. “É uma batalha. O governo vai querer aumentar ao máximo o dinheiro fora do teto, pelo prazo mais longo possível. Do outro lado, o Congresso vai querer segurar um valor menor, pelo menor tempo possível”, disse.
A composição da equipe de Lula é outro ponto que demanda atenção, afirmou, pois deve indicar qual será a “intensidade” das medidas que o futuro governo deve tomar. “Dependendo disso, você vai ter uma noção maior ou menor da intensidade de movimentos que já foram dados.”
Em relação ao papel do governo no financiamento de empresas, o esperado é que a política de créditos subsidiados não volte. “Nossa tese é de que não fazia sentido gastar orçamento público para subsidiar crédito para grandes empresas, que têm a menor restrição para captação de recursos”, disse Alexandre Muller, sócio da JGP, ao comentar a predominância do crédito subsidiado até 2013.
Atualmente, há uma grande incerteza em relação à política econômica, mas fatores como a restrição fiscal devem limitar a atuação do governo no financiamento de empresas, segundo Muller. “A prioridade que o governo tem hoje é direcionar recursos para manutenção do Auxílio Brasil e para reajuste do salário mínimo”, disse. “Claro que há sempre ideias sobre a volta desse formato de financiamento corporativo no Brasil, mas acho pouco provável que haja uma expansão material de subsídios concedidos pelo Tesouro para competir com o mercado financeiro.”
Fonte: Valor Econômico

