Medicamentos populares são mais eficazes do que mudanças no estilo de vida e apresentam menos riscos do que cirurgias, afirma a associação médica sem fins lucrativos
Milhões de americanos deveriam tomar medicamentos para perda de peso a fim de prevenir doenças cardíacas, de acordo com o American College of Cardiology (ACC), dos Estados Unidos. Exercícios e uma dieta saudável nem sempre são suficientes para a saúde do coração, afirmou a principal organização de cardiologia do país norte-americano em novas recomendações divulgadas nesta sexta-feira (20). Medicamentos para perda de peso devem ser usados mais cedo, tornando-se parte da primeira linha de defesa para pacientes obesos, afirmou o grupo.
Wegovy, da Novo Nordisk, e Zepbound, da Eli Lilly & Co., devem ser considerados na escolha dos tratamentos primários para evitar doenças cardíacas, a principal causa de morte nos Estados Unidos, de acordo com as novas diretrizes. Os medicamentos populares são mais eficazes do que mudanças no estilo de vida e apresentam menos riscos do que cirurgias, afirmou a associação médica sem fins lucrativos.
“Ouvimos falar sobre a miríade de influências positivas que as drogas possuem e receber esse tipo de apoio da ACC é uma grande vitória”, escreveu Jared Holz, do Mizuho Securities, em nota aos clientes.
Ações do Novo listadas nos EUA chegaram a bater máxima nesta sexta-feira (20), após a divulgação das novas diretrizes, e depois caíram 1,1% às 11:22, em Nova York. A Lilly reduziu a queda anterior para 2,8%.
A recomendação do ACC é um afastamento da anterior, que defendia modificações no estilo de vida antes do uso de medicamentos para obesidade. Os pacientes não deveriam ter que “tentar e falhar” antes de conseguirem obter os medicamentos poderosos que revolucionaram a perda de peso e comprovaram sua capacidade de melhorar a saúde cardíaca, afirmou Olivia Gilbert, cardiologista do Atrium Health Wake Forest Baptist Medical Center, que liderou o trabalho nas novas diretrizes.
Ela foi direta ao afirmar que a mudança visava influenciar as seguradoras e os programas federais que decidem quais medicamentos prescritos cobrir. O apoio dos cardiologistas poderia levar mais pacientes a adotar os medicamentos e sinalizar uma cobertura de seguro mais ampla para os medicamentos do Novo e da Lilly, as duas principais empresas que disputam o controle de um mercado que os analistas do Morgan Stanley dizem estar avançando em direção a US$ 150 bilhões em pico de vendas em uma década.
Não é o fim da academia
As novas diretrizes podem ter implicações abrangentes em saúde pública e políticas que podem reduzir danos causados por doenças cardíacas, “e isso é incrivelmente empolgante”, disse Gilbert.
Mesmo assim, as pessoas “não devem” cancelar suas mensalidades de academia, de acordo com a médica. Os medicamentos ajudarão na perda de peso e “no mínimo aumentarão a atividade física”, disse ela. “Eles devem funcionar em conjunto.”
Quase metade da população é obesa nos EUA
Mais de 40% dos adultos nos EUA são obesos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. A incerteza quanto à cobertura do seguro de saúde é uma barreira significativa ao tratamento, afirmou o ACC, observando que há “necessidade contínua de melhorar o acesso a essas terapias”.
Os médicos podem determinar quem é elegível para tratamento para evitar complicações cardíacas com base no índice de massa corporal, um cálculo envolvendo peso e altura, ou outros fatores de risco, de acordo com as novas diretrizes.
Fonte: Valor Econômico