A RD Saúde (Raia Drogasil) deve testar um novo modelo de loja na segunda metade do ano que vem, voltado para beleza e bem-estar, numa espécie de farmácia de luxo, com foco principalmente em perfumaria e cosméticos. O projeto está em elaboração, assim como as contas do tamanho do potencial nas praças para classe A e B no Sudeste, foco inicial da rede.
Algumas informações foram abertas na tarde de segunda-feira (1), em reunião na sede da empresa, entre o CEO, Renato Raduan, a diretoria e analistas. A reportagem apurou que a inspiração veio da Olive Young, maior rede de saúde e bem-estar da Coreia do Sul, e que se inspira na Sephora. O comando ainda visitou modelos na Ásia, Arábia, EUA e Europa, como a Nahdi, com mais de 1,2 mil lojas na Árábia Saudita, e a operação de dermo e fragrâncias na Europa da Boots.
“É um piloto, e podemos ter 100, 200 lojas ou ficar só com algumas. Tudo vai depender do que ainda estamos formulando”, diz uma pessoa a par do projeto.
Perfumaria e cosméticos são setores que, no Brasil, crescem mais que o dobro da média do varejo, pelos números deste ano da pesquisa mensal do comércio do IBGE. A retomada da competitividade nessa área é um dos trabalhos da gestão da RD no curto prazo.
O espaço também terá venda de medicamentos, mas com menor destaque do que um ponto tradicional, e terá metragem superior a uma loja tradicional da RD Saúde, em praças mais disputadas como São Paulo e Rio de Janeiro. Haverá área para eventos e ações da indústria, como apresentação de linhas de perfumes e dermocosméticos.
Com atendimento personalizado de consultores, equipamentos com testadores de produtos, distribuição de amostras grátis e ambiente mais sofisticado, a RD pode avançar no segmento num momento de vendas aquecidas. E, considerando a capilariedade e base de dados que já tem em mãos, o grupo não vinha explorando esse segmento com o foco merecido, na visão de consultores.
O mercado de perfumaria e dermocosméticos passa por um crescimento mais intenso nos lançamentos pelos grandes laboratórios, assim como por aumento da concorrência no varejo on-line, que não tem a experiência da loja física, algo que a RD domina.
De janeiro a setembro, esse varejo de perfumaria, cosméticos e farma avançou 3,6%, para uma expansão de 1,5% do varejo brasileiro total, em volume de vendas. Em valor, subiu 8,4%, para uma alta menor, de 7%, no setor.
Na RD, no entanto, a curva de participação da empresa em perfumaria não supera os 19% – considerando os preços de fábrica. Nos últimos três trimestres, com ações promocionais aquecidas, isso ficou entre 18,5% e 18,7%.
Após 2023, a RD tratou de aumentar a intensidade promocional na área, fechando acordos comerciais com a indústria – o terceiro trimestre foi recorde histórico em promoções dentro da base total de itens, mas é uma batalha pesada, e com marcas também fortes.
Existem as lojas físicas estrangeiras focadas em diferentes classes (Sephora, Soneda), os sites e “apps” de grandes grupos (Época Cosméticos, do Magalu; Beleza na Web, do Boticário), além de Renner, C&A, Riachuelo, e das plataformas de marketplace, como Amazon e Mercado Livre. Estas andam cada vez mais agressivas com fretes grátis e liberações de milhares de cupons em eventos mensais. Isso sem contar as operações regionais de varejo e atacado, o que mostra um aumento do pedaço do bolo a ser dividido entre todos, mas também dos grupos que querem ficar com um pedaço maior dessas vendas.
A RD tem capital, marca, dados de usuários já cadastrados (são 51 milhões de clientes ativos) e fornecedores na mão. A ideia é usar também o formato como espécie de laboratório e replicar as estratégias que derem certo nas lojas tradicionais do grupo – que projeta de 330 a 350 aberturas em 2026. Neste ano, serão 330. São cerca de 3,5 mil unidades no país e mais de um terço está no Estado São Paulo, região mais rica do país.
Fonte: Valor Econômico