São mil nomes na lista, dominada por pesquisadoras dos Estados Unidos
Por Barbara Bigarelli
25/10/2022 14h48 Atualizado há 17 horas
Nesta semana, o portal de publicações científicas Research.com divulgou a sua primeira edição do ranking das melhores mulheres cientistas do mundo. São mil nomes na lista, abrangendo mulheres com atuação expressiva em várias áreas: da medicina à neurociência, passando pela química. Em um ranking dominado por acadêmicas dos Estados Unidos, duas brasileiras se destacaram e aparecem entre as mil melhores cientistas: Maria Inês Schmidt, da Universidade Federal do Rio do Grande do Sul, e Deborah Carvalho Malta, da Universidade Federal de Minas Gerais.
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Para a elaboração do ranking, o estudo avaliou mais de 166.880 perfis de mulheres cientistas em 24 áreas de pesquisa no Google Scholar e no Microsoft Academic Graph, levando em conta o peso que cada indicador e métrica pode ter em uma área específica, bem como a proporção de contribuições feitas, número de prêmios, publicações e volume de citações.
A primeira cientista do ranking é JoAnn E. Manson, da universidade de medicina de Harvard. Medicina interna (especialidade que se ocupa da prevenção e diagnóstico de doenças dos adultos), endocrinologia, índice de massa corporal e diabetes mellitus são suas principais áreas de estudo. Seu estudo de medicina interna combina, por exemplo, tópicos em áreas como placebo, endocrinologia e oncologia. Com mais de 2 mil publicações, seus trabalhos acumulam mais de 360 mil citações. Em segundo lugar, aparece Virginia Man-Yee Lee, também da área médica e que passa grande parte de seu tempo pesquisando questões envolvendo neurociência, patologia, biologia celular e a doença de Alzheimer. Em terceiro, está Aviv Regev, do Broad Institute United States, especializada em genética e biologia molecular.
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As melhores mulheres cientistas do mundo estão publicando seus trabalhos predominantemente no campo da medicina — Foto: Pexels
Em termos absolutos, aliás, as mulheres cientistas dos Estados Unidos dominam a lista com 623 acadêmicas, representando 62,3% de todo o ranking. No top 10, 8 cientistas são dos Estados Unidos. O Reino Unido ocupa o segundo lugar com 96 cientistas. O terceiro lugar foi ocupado pela Alemanha, que atualmente tem 42 cientistas no ranking. A Universidade Harvard é a líder da edição de 2022 das principais mulheres cientistas do ranking mundial, com 40 acadêmicas afiliadas à instituição. Depois, aparecem o National Institute of Health, instituto americano para pesquisas em saúde pública, com 34 cientistas, e a Universidade Stanford, ocupando o terceiro lugar com 28 cientistas.
As melhores mulheres cientistas do mundo estão publicando seus trabalhos predominantemente no campo da medicina (46,8% do total). Outras áreas populares de pesquisa entre as acadêmicas do top 1.000 são física (10,4%), genética e biologia molecular (8,7%) e biologia e bioquímica (8,2%). O número médio de publicações considerando as mulheres cientistas listadas é de 547.
Quem são as brasileiras
Há duas cientistas brasileiras no ranking. A epidemiologista Maria Inês Schmidt, professora do departamento de medicina social da Universidade Federal do Rio do Grande do Sul, aparece na 723ª posição, com 346 publicações científicas e suas pesquisas acumulando cerca de 94 mil citações. Suas principais áreas de investigação incluem a análise da diabetes mellitus, medicina interna e o seu estudo de epidemiologia que integra preocupações de outras disciplinas, como envelhecimento populacional e pesquisa em serviços de saúde. Segundo a Fapesp, Schmidt é “responsável por uma das mais destacadas contribuições na compreensão da diabetes que a ciência brasileira já produziu”.
Na 835ª posição aparece Deborah Carvalho Malta, da escola de enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, com 766 publicações científicas e suas pesquisas acumulando cerca de 90 mil citações. Sua pesquisa envolve epidemiologia, vigilância de doenças crônicas não transmissíveis, vigilância de acidentes e violências, promoção da saúde, avaliação de serviços e saúde suplementar. Ela também aborda temas como desnutrição e sua pesquisa em gerontologia, por exemplo, incorpora elementos da área rural.
Objetivo do ranking
O objetivo do ranking, segundo o coordenador e Chief Data Scientist do Research.com, Imed Bouchrika, é inspirar mulheres a considerarem uma carreira acadêmica, bem como mostrar a tomadores de decisão em todo o mundo os exemplos de mulheres bem-sucedidas na comunidade científica. “Estamos infelizmente cientes de que a pesquisa acadêmica ainda é uma profissão predominantemente masculina e acreditamos que as mulheres cientistas merecem uma chance igual de serem representadas e elogiadas por suas realizações”, escreveu em nota Bouchrika. Segundo levantamento da Unesco, analisando 107 países de 2015 a 2018, apenas 33% das pessoas empregadas na pesquisa científica são mulheres. Além disso, um estudo recente, publicado na “Nature” em junho deste ano, demonstrou que as mulheres pesquisadoras recebem menos crédito do que os homens.
Fonte: Valor Econômico
