A oferta de ações que culminará na privatização da Sabesp será lançada oficialmente na noite desta sexta-feira (21), com a divulgação ao mercado do prospecto da transação, apurou o Valor. Na tarde de ontem, o Conselho de Desestatização aprovou o preço mínimo da ação na transação e fechou o formato final da disputa. O roadshow, processo de reuniões da empresa com potenciais investidores, já começará na segunda-feira (24).
Depois da divulgação do prospecto preliminar, a oferta a ser feita pelos candidatos a acionistas estratégicos está marcada para o dia 24 a 28 deste mês. A disputa se afunilou entre Aegea e Equatorial, ainda segundo fontes. Embora o empresário Nelson Tanure também tenha manifestado interesse no ativo, as expectativas do mercado em relação à sua participação são baixas.
O Valor apurou que ainda no dia 28 serão divulgados ao mercado os candidatos a acionistas estratégicos finalistas, que serão os dois grupos que apresentarem a melhor proposta de preço por ação. No mesmo dia, explicou uma das fontes, já começará o “bookbuilding”, que se trata da coleta de intenção de investimentos. Esse processo será crucial para definir o nome do estratégico, diante da formatação do modelo da operação.
Ainda não há data fechada para a precificação da oferta, mas a estimativa é de que ela ocorra na segunda quinzena de julho.
A oferta de ações será secundária, ou seja, com o governo paulista vendendo parte de suas ações. Hoje o Estado tem 50,3% da Sabesp, e deverá seguir com cerca de 20% após a operação.
Na reunião de quinta-feira (20), que aprovou os termos finais da oferta, foram fechados o preço mínimo da ação na transação e o volume mínimo de demanda para o “bookbuilding” dos interessados em se tornar acionista de referência, mas os valores não foram divulgados.
O volume mínimo de demanda foi uma forma que o governo encontrou para evitar a vitória de um investidor “aventureiro”. Pela regra, o concorrente precisa atrair um interesse mínimo do mercado para vencer a disputa.
Na reunião, foi aprovado um último ajuste no processo competitivo: na disputa pelo posto de sócio de referência, caso o investidor que tiver maior demanda no “bookbuilding” termine com um preço inferior a do seu concorrente, ele terá direito a igualar o valor e, assim, vencer a disputa. Trata-se de um mecanismo conhecido no mercado como “right to match”, que neste caso basicamente favorecerá o investidor que atrair maior demanda do mercado em seu “bookbuilding”.
“Isto permitirá maximizar ainda mais o retorno financeiro do Estado de São Paulo e garantir a escolha do melhor investidor”, disse o governo em comunicado publicado após a reunião.
Quando o modelo da oferta foi anunciado, em abril, o formato foi alvo de críticas por atores do mercado, que viram risco de o valor final não ser maximizado, dado que o critério de escolha não considerava apenas o melhor preço, mas também a demanda atingida. Desde então, o Estado buscou incluir cláusulas na modelagem para evitar questionamentos nesse sentido e potencial judicialização.
A proposta de privatização da Sabesp trouxe um modelo pouco usual no mercado. Uma novidade em relação a outras desestatizações feitas na Bolsa é que o governo paulista busca selecionar um acionista de referência, que terá 15% do capital e um terço do conselho de administração da empresa, além de poder de indicar o presidente do conselho.
O modelo da oferta também é inovador. A seleção do sócio estratégico será feita em duas fases. Na primeira, serão escolhidos os dois acionistas de referência que oferecerem o maior preço. Na segunda, serão formados dois “bookbuildings”, para cada um deles, junto aos demais interessados em investir na empresa como minoritários. Vencerá o sócio de referência que formar o “bookbuilding” mais vantajoso.
Fonte: Valor Econômico

