O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, juntou-se a dezenas de líderes árabes e muçulmanos em uma reunião de cúpula na Arábia Saudita neste sábado (11) — a primeira visita deste tipo ao Reino em mais de 15 anos — enquanto o mundo islâmico procura projetar uma oposição unificada às operações militares de Israel.
A reunião da Liga dos Estados Árabes e da Organização de Cooperação Islâmica em Riad ocorreu em meio à intensificação dos combates entre militantes do Hamas apoiados pelo Irã e as forças israelenses em torno do maior hospital de Gaza.
Israel lançou uma campanha de ataques aéreos e uma invasão terrestre que diz ter como objetivo eliminar o Hamas depois que militantes do grupo invadiram Israel em um ataque em 7 de outubro. A ofensiva incluiu ataques a um festival de música e a comunidades agrícolas e matou centenas de pessoas.
Os ministros de negócios estrangeiros árabes, reunidos antes da reunião, disseram que os seus países procuravam um cessar-fogo para proteger as vidas dos civis e permitir que alimentos, suprimentos médicos e assistência humanitária chegassem ao enclave palestino.
Mais de 11 mil palestinos foram mortos em Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades de saúde do enclave, administrado pelo Hamas. As autoridades não fazem distinção entre militantes e civis.
Em comentários antes da sua viagem, o presidente iraniano acusou os EUA, o principal apoiador de Israel, de “fornecer o combustível para a guerra e impedir um cessar-fogo” e apelou à unidade entre os países islâmicos. “Gaza não é uma arena para palavras. Deveria ser para ação”, disse ele, segundo a mídia estatal iraniana.
O Irã fornece armas ao Hamas e, junto ao Hamas, opõem-se à existência de Israel. Já os EUA e Israel designaram o Hamas como organização terrorista.
Joe Biden, o presidente americano, disse que o ataque do Hamas visava, em parte, perturbar os esforços da sua administração para estabelecer relações formais entre Israel e a Arábia Saudita, algo que o Irã também se opôs. Essas negociações se aceleraram durante o verão, concentrando-se no reconhecimento saudita de Israel em troca da ajuda dos EUA, vendas de armas, garantias de segurança e ajuda na construção de um programa nuclear civil.
O ataque do Hamas interrompeu essas discussões, que teriam se baseado em acordos negociados em 2020 pela administração Trump, que viu os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão regularizarem as relações com Israel. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, na quinta-feira (9) que achava que a normalização das relações com a Arábia Saudita ainda era possível, uma vez que Israel derrotasse o Hamas. “Acho que as condições estarão maduras. Na verdade, depois de uma vitória, acho que estarão ainda mais maduras”, disse ele à Fox News.
Desde o início da guerra, Biden tem dado maior apoio a Israel, viajando para lá duas semanas após o ataque do Hamas. A sua administração tentou tranquilizar os líderes árabes que enfrentam a turbulência interna do conflito de que estava trabalhando para conter os combates e aliviar a crise humanitária. O Irã e a Arábia Saudita restauraram as relações diplomáticas em março, em um acordo mediado pela China que pôs fim a mais de sete anos de distanciamento.
Fonte: Valor Econômico

