A Prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB), afirmou, nesta terça-feira (7), que o Ministério da Saúde ainda não enviou o número necessário de vacinas contra a dengue, e cobrou mais 600 mil doses para completar o ciclo vacinal de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, público-alvo da campanha.
A prefeitura reforçou que as doses enviadas pelo governo federal são insuficientes, ao descartar a ampliação da vacinação contra a dengue para outras faixas etárias na cidade. Na segunda-feira (6), o Ministério da Saúde alertou municípios e Estados sobre o aumento de casos de dengue e chikungunya no país.
O secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, disse que a cidade deve receber, nesta quarta-feira (8), mais 100 mil doses de vacina, mas afirmou que faltam mais 600 mil para atender a todas as crianças e adolescentes da cidade.
“O Ministério da Saúde não mandou dose suficiente ainda”, disse Zamarco a jornalistas, em entrevista ao lado do prefeito. “Por isso que a cidade de São Paulo não ampliou a vacinação para outras faixas etárias”, afirmou.
Zamarco disse ainda que tem comunicado o Ministério da Saúde sobre a falta de doses suficientes da vacina. “Ele [ministério] tem mandado doses não em quantidade suficiente”, reiterou. “Faltam 600 mil para a gente completar a segunda dose”.
Segundo a prefeitura, a cidade precisa aplicar mais 851 mil doses da vacina e tem em estoque 160 mil. Mesmo com a chegada de mais 100 mil doses na quarta, ainda faltariam 591 mil para atender as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos da cidade — público elegível pelo Plano Nacional de Imunização (PMI).
A faixa entre 10 e 14 anos concentra um grande número de internações hospitalares por dengue. O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
O Ministério da Saúde foi procurado pela reportagem e afirmou, em nota, que “não há falta de vacina contra a dengue em São Paulo”. Segundo o governo federal, foram enviadas 611.528 doses para a cidade de São Paulo e aplicadas 318.458, de acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Para o Estado de São Paulo, foram enviadas 1.675.203 doses no ano passado, das quais 820.995 (48,91%) foram aplicadas em crianças de 10 a 14 anos até 26/12, informou o ministério.
O ministério disse também que não há previsão de ampliar a faixa etária do público-alvo (10 a 14 anos). “Além da capacidade de produção mundial da vacina ser limitada, é necessário garantir a segunda dose para todos que já receberam a primeira”, afirmou. “O Ministério da Saúde adquiriu todo o estoque de vacina contra a dengue disponível mundialmente. Foram 5,2 milhões de doses compradas e 1,3 milhão de doses doadas pelo laboratório para 2024, além de 9,5 milhões adquiridas para 2025”, disse a Pasta.
O governo federal, por meio do ministério, disse ainda que a vacina “é uma das estratégias de controle da doença, mas, devido à baixa disponibilidade mundial do insumo, a forma mais eficaz continua sendo a adoção de medidas de prevenção, com a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti.”
Nova UPA em SP
O prefeito e o secretário municipal participaram, na manhã desta terça-feira, da inauguração da UPA 24 horas Sacomã, na zona sul da cidade, a primeira inauguração da nova gestão de Ricardo Nunes. A obra atrasou e estava prevista para ser entregue no primeiro semestre do ano passado.
Antes, funcionava no local uma AMA, que atendia a cerca de 15 mil pessoas, com atendimento de clínico geral e pediatra. Agora, a prefeitura disse que a UPA 24 horas terá capacidade de atendimento médico de 22,8 mil pessoas e de 1,8 mil atendimentos odontológicos, e afirmou que a população contará também com ortopedia e cirurgia geral, além de um mini-laboratório no local.
O número de médicos aumentou de 81 para 158. O prefeito disse ter investido R$ 20 milhões na unidade, que terá custeio mensal de R$ 5 milhões.
Fonte: Valor Econômico