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A Dívida Pública Federal (DPF) cresceu 2,25% entre maio e junho, terminando o primeiro semestre do ano em R$ 7,067 trilhões, de acordo com dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. O crescimento foi fruto da emissão líquida de R$ 82,2 bilhões e da apropriação de juros de R$ 73,8 bilhões.
Por outro lado, as emissões totais da DPF corresponderam a R$ 94,54 bilhões, abaixo da média histórica do primeiro semestre do ano, que foi de R$ 132 bilhões. Isso se deu, segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges, devido ao cenário de maior aversão ao risco na América Latina como um todo, com destaque para as eleições presidências no México. Com isso, as taxas cobradas pelo Tesouro em seus leilões acompanharam a “subida da curva de juros”.
A expectativa é que a emissão da dívida volte para o patamar médio histórico em julho. “Vamos, provavelmente, caminhar para um volume de emissão [neste mês] de R$ 120 bilhões, estamos em R$ 113 bilhões”, afirmou Borges.
Ele também destacou que neste mês foi observada uma “melhora da percepção de risco dos investidores em relação à América Latina”. Foi o que “acabou contribuindo para que a curva [evolução das taxas futuras] de juros devolvesse parte do aumento observado no mês passado”.
Ainda em relação ao resultado do mês passado, a participação de não-residentes na dívida mobiliária federal interna (DPMFi) variou de 9,76% em maio para 10,03% em junho.
Já o percentual vincendo em 12 meses da DPF recuou em junho, ficando em 20,67%, em comparação a 20,79% no mês anterior, enquanto o prazo médio caiu de 4,08 anos para 4,02 anos.
Indicador acompanhado de perto por investidores, o colchão de liquidez da DPMFi terminou o mês passado R$ 1,104 trilhão, ante R$ 1,031 trilhão em maio. O valor é suficiente para cobrir 8,2 meses de vencimentos de títulos à frente.
Nos próximos meses, a reserva deve cair para algo em torno de 7 meses, avaliou o Tesouro, porque julho, agosto e setembro concentram vencimentos de R$ 681 bilhões.
Outro destaque de junho foi o fato de a DPF ter ficado pela primeira vez em 2024 dentro dos limites do Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida. Esses limites vão de R$ 7 trilhões a R$ 7,4 trilhões, que é intervalo que o Tesouro espera que a dívida esteja até dezembro.
Em agosto, o Tesouro Nacional prevê anunciar se há necessidade de uma revisão dos parâmetros do PAF. Segundo Borges, o cenário mudou muito ao longo deste ano. Ele citou principalmente a atuação do Federal Reserve, o Fed, o banco central americano. Por causa das surpresas altistas da inflação nos Estados Unidos, a autoridade monetária manteve a taxa básica de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano ao longo do primeiro semestre, quando se imaginava que poderia começar a cortar as taxas de referência da economia.
“[Mas agora] os sinais estão mais claros de que o Fed vai começar a reduzir a taxa de juros lá, e aí vamos no próximo mês fazer essa avaliação se há necessidade de revisar algum parâmetro”, disse Borges durante entrevista coletiva para comentar os dados.
O PAF de 2024 foi divulgado em janeiro. O documento detalha objetivos, diretrizes e metas que serão perseguidas na gestão da Dívida Pública Federal durante o exercício.
Borges também afirmou que os componentes da dívida têm ficado, em sua maior parte, dentro dos limites do PAF. A participação dos papéis pós-fixados na DPF ficou em 43,74% em junho. Pelos limites, essa participação deve variar entre 40% e 44%. Já os títulos prefixados representaram 22,67% da DPF. Os papéis ligados a índices de preços representaram 29,17% do total. Já aqueles ligados a câmbio ficaram em 4,42%. Com a exceção dos prefixados, que devem ficar entre 24% e 28%, todos permaneceram dentro das respectivas bandas.
Fonte: Valor Econômico

