A economia da zona do euro cresceu a ritmo mais forte do que as de China e EUA no ano passado, destacando a forma como a pandemia de covid-19 continua a desafiar padrões tradicionais do crescimento global.
A economia da zona do euro cresceu 0,1% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre, com os custos maiores de energia pesando sobre os gastos de domicílios, segundo dados oficiais divulgados ontem. Mas a região fechou 2022 com um crescimento anual de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), taxa maior que as vistas tanto na China quanto nos EUA.
Isso é pouco comum. Por décadas, os três grandes motores da economia global se apresentavam em um ranking estável: China tinha o maior crescimento, seguida pelos EUA e depois a zona do euro. Isso mudou no ano passado por conta da reabertura desordenada de grandes economias após a pandemia de covid-19.
Dados divulgados na quinta-feira mostraram que a economia dos EUA cresceu 2,1% em 2022, uma forte desaceleração em relação à expansão de 5,9% registrada em 2021. No início do mês, o governo chinês informou que a segunda maior economia do mundo cresceu 3% em 2022, abaixo da expansão de 8% registrada no ano anterior.
A última vez que a zona do euro cresceu mais que China e EUA foi em 1974. A economia americana tem tipicamente ultrapassado a europeia nas últimas décadas principalmente por conta do aumento mais acelerado da população.
O ranking incomum do ano passado reflete em grande parte o impacto da pandemia com os lockdowns que afetaram o crescimento e a inflação. Esse efeito não deve durar.
À medida que a China abandona sua política de covid-zero, é provável que recupere sua posição como a de crescimento mais rápido das três grandes áreas econômicas. E a guerra na Ucrânia está a ter um impacto maior na economia da Europa do que nos EUA ou na China, como atesta o enfraquecimento no último trimestre de 2022.
“2022 foi apenas um ano estranho”, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, durante um painel na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos no início deste mês. “Esses não são números normais, esta não é a classificação usual que você tem.”
Fonte: Valor Econômico

