A economia dos EUA cresceu no segundo trimestre de 2024 ligeiramente além do previsto e em um ritmo anual saudável, impulsionada por fortes gastos do consumidor e investimentos empresariais, informou o Escritório de Análises Econômicas (BEA, pelas iniciais em inglês). O índice de 3% veio tambem acima das projeções de economistas.
O Departamento de Comércio havia estimado em uma primeira leitura que o Produto Interno Bruto dos EUA tinha se expandido 2,8% de abril a junho.
O crescimento do segundo trimestre também marcou uma forte aceleração em relação à lenta taxa de crescimento de 1,4% nos primeiros três meses de 2024.
Os gastos dos consumidores, que respondem por cerca de 70% da atividade econômica dos EUA, aumentaram a uma taxa anual de 2,9% no último trimestre. Isso foi acima dos 2,3% da estimativa inicial. O investimento empresarial expandiu a uma taxa de 7,5%, liderado por um salto de 10,8% no investimento em equipamentos.
O relatório de ontem refletiu uma economia que permanece resiliente apesar da pressão das altas taxas de juros contínuas.
A situação da economia está pesando muito sobre os eleitores antes da eleição presidencial de novembro. Muitos americanos continuam exasperados com os altos preços, embora a inflação tenha se desacelerado desde o pico de quatro décadas em meados de 2022.
“As revisões do PIB mostram que a economia dos EUA está em boa forma em 2024”, disse Bill Adams, economista-chefe do Comerica Bank. “O crescimento sólido dos gastos do consumidor impulsionou a economia para a frente no segundo trimestre, e o aumento da confiança do consumidor em julho sugere que impulsionará o crescimento no segundo semestre deste ano também.”
A estimativa mais recente do PIB para o trimestre de abril a junho incluiu números que mostraram que a inflação continua a diminuir, embora permaneça um pouco acima da meta de 2% do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O indicador de inflação preferido da instituição — o índice de gastos de consumo pessoal, ou PCE — subiu a uma taxa anual de 2,5% no último trimestre, abaixo dos 3,4% no primeiro trimestre do ano. E excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, o núcleo da inflação do PCE cresceu 2,7%, abaixo dos 3,2% de janeiro a março.
Ambos os números de inflação do PCE divulgados ontem marcaram uma ligeira melhora em relação à primeira estimativa da equipe econômica.
Uma categoria do PIB que mede a força subjacente da economia cresceu a uma taxa anual saudável de 2,9%, acima dos 2,6% do primeiro trimestre. Esta categoria inclui gastos do consumidor e investimento privado, mas exclui itens voláteis como exportações, estoques e gastos do governo.
Para combater os preços crescentes, o Fed aumentou sua taxa básica de juros 11 vezes em 2022 e 2023, elevando-a para uma alta de 23 anos e ajudando a reduzir a inflação anual de um pico de 9,1% para 2,9% no mês passado. Os custos de empréstimos muito mais altos para consumidores e empresas resultantes eram amplamente esperados para causar uma recessão. No entanto, a economia continuou crescendo e os empregadores continuaram contratando.
Agora, com a inflação pairando apenas ligeiramente acima do nível de meta de 2% do Fed e provavelmente desacelerando ainda mais, o presidente Jerome Powell essencialmente declarou vitória sobre a inflação. Como resultado, o Fed está pronto para começar a cortar sua taxa básica de juros quando se reunir novamente em meados de setembro.
Um período sustentado de taxas mais baixas do Fed teria como objetivo atingir um “pouso suave”, por meio do qual o banco central consegue conter a inflação, manter um mercado de trabalho saudável e evitar desencadear uma recessão. Taxas mais baixas de empréstimos para financiamento de automóveis, hipotecas e outras formas de empréstimos ao consumidor provavelmente seguiriam.
O fed recentemente se tornou mais preocupado em dar suporte ao mercado de trabalho, que vem se enfraquecendo gradualmente, do que em continuar a combater a inflação. A taxa de desemprego aumentou por quatro meses consecutivos, para 4,3%, ainda baixa para os padrões históricos. As vagas de emprego e o ritmo de contratação também caíram, embora permaneçam em níveis relativamente sólidos.
O relatório de ontem foi a segunda estimativa do Departamento de Comércio sobre o crescimento da economia no trimestre de abril a junho. E ele deve emitir sua estimativa final no final do mês de setembro.
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Fonte: Valor Econômico