Por Toni Sciarretta e Ricardo Bomfim — De São Paulo
29/11/2023 05h04 Atualizado há uma hora
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A Polícia Federal deflagrou ontem uma operação para desarticular uma suposta pirâmide que teria utilizado a estrutura de instituições financeiras em um esquema de arbitragem envolvendo criptomoedas. Em São Paulo, os policiais estiveram na sede da gestora Titanium Asset, que fica na avenida Faria Lima e que atua com fundos regulados de criptoativos. Também houve mandados em outras quatro cidades.
A gestora afirma que não está envolvida no caso, sustenta que não foi alvo direto da operação, que os policiais não fizeram nenhuma apreensão e que ninguém da equipe foi preso. “A Titanium Asset esclarece que a empresa não está envolvida e ainda não tem informações detalhadas do procedimento investigativo que motivou a operação”, informou em nota.
Segundo a Titanium, a “midiática operação” envolveu empresas que não fazem parte do mesmo grupo econômico e que têm atuações distintas. “A empresa é a maior interessada em esclarecer todos os pontos e não medirá esforços para colaborar com as autoridades no que for necessário.”
De acordo com a PF, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, 11 medidas cautelares, sendo duas com monitoramento por tornozeleira, contra 12 pessoas físicas e mais de 50 empresas. A operação, chamada Ouranós, determinou bloqueio e sequestro de R$ 400 milhões em bens, sendo 473 imóveis, dez embarcações, uma aeronave, 40 veículos de luxo, mais de 111 contas bancárias e três fundos de investimento. Os nomes não foram divulgados.
Segundo os policiais, o esquema consistia em fazer operar uma distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) para captar recursos na ordem de mais de R$ 1 bilhão de aproximados 7 mil investidores, localizados em 17 estados do país, e também no exterior, por meio de oferta pública de contratos de investimento coletivos. Esses contratos de investimento aplicariam em uma suposta arbitragem envolvendo criptomoedas, com remunerações fixas e variáveis, sem controle, registro ou autorização dos órgãos competentes.
“A partir dessa captação bilionária, os recursos transitaram em várias contas de passagem, de diversas empresas, por meio de blindagem patrimonial, visando esvaziar o patrimônio da instituição financeira clandestina. O rastreamento dos recursos ilícitos mostrou que os investigados realizavam ‘centrifugação de dinheiro’, sistema esse em que são utilizados vários níveis em contas de passagem, com fracionamento de transferências bancárias”, informou a PF.
Os policiais afirmam que as investigações teriam identificado investimentos com possível origem no tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro nacional e fraudes empresariais e fiscais.
A apuração, iniciada em 2020, constatou que o início das ações ilícitas teria ocorrido em Balneário Camboriú (SC), seguida por Curitiba (PR), e depois São Paulo. Para os policiais, os fatos investigados constituem, em tese, crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes contra o sistema financeiro nacional por operar instituição financeira sem autorização, oferta irregular de valor mobiliário e exercício ilegal de assessoria de investimento.
Fonte: Valor Econômico

