4 Apr 2023 LAÍS ADRIANA e LUIS LEAL
O preço do petróleo avançou ontem mais de 6% após anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de que vai cortar 1,66 milhão de barris por dia de sua produção. A medida vem num momento de alta de inflação na maioria dos países e reacendeu o temor entre analistas de efeito nas taxas de juros.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio subiu 6,28%, a US$ 80,42 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve ganho de 6,31%, a US$ 84,93 o barril.
Como efeito, houve forte demanda por ações do setor de energia, o que ajudou a sustentar nos EUA as altas de 0,98%, do Dow Jones, e de 0,37% do S&P 500. Aqui no Brasil, os papéis da Petrobras avançaram entre 4,43% (PN) e 4,76% (ON), amenizando o impacto de queda de ações de outros setores no Ibovespa – que terminou o dia com recuo de 0,37%.
“Os mercados globais tiveram um começo instável no segundo trimestre, devido ao plano surpresa da Opep+ de reduzir a produção de petróleo, que aumentou os temores de inflação elevada e fez com que os investidores reduzissem apostas em uma inclinação ‘dovish’ do Federal Reserve (o BC americano)”, avaliou em nota a Guide Investimentos. “Dovish”é o termo usado no mercado para se referir a um cenário de potencial queda de juros.
Já na avaliação da corretora Oanda, a decisão da Opep+ indicaria que a organização está disposta a oferecer suporte aos preços do óleo acima do nível de US$ 80 o barril. “Claramente, os sauditas não estavam confortáveis com a queda dos preços do petróleo e queriam enviar uma mensagem”, escreveu o analista Edward Moya, da Oanda. O Bank of America (BofA) também sustenta esta perspectiva, relembrando que a Arábia Saudita já descreveu anteriormente a Opep como “reguladora dos mercados de petróleo”.
Ontem, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou os cortes de produção da Opep+, destacando que o governo está focado nos preços. “Não achamos que os cortes de produção são aconselháveis neste momento, dada a incerteza do mercado, e deixamos isso claro.” •
Fonte: O Estado de S. Paulo

