Por Taís Hirata, Valor — São Paulo
28/11/2023 12h43 Atualizado há 13 horas
A gestora Perfin planeja levantar R$ 2 bilhões junto a investidores brasileiros para ampliar sua atuação no setor de infraestrutura, segundo a diretora de operações, Carolina Rocha. Nos últimos dias, o grupo iniciou a captação de um novo fundo com foco no setor, com meta de chegar a R$ 1 bilhão. Porém, o volume deverá aumentar com captações adicionais, diz ela.
No alvo do grupo estão cerca de R$ 5 bilhões de ativos mapeados, que deverão vir a mercado nos próximos três anos. “Obviamente nem tudo isso necessariamente se transforma em realidade, depende das circunstâncias. Mas nossa ideia é que as captações cheguem a um valor próximo de R$ 2 bilhões no Brasil. Além disso, temos buscado investidores de fora, que poderiam complementar esse cheque”, afirma Rocha.
O fundo já em estruturação é o Perfin Infra II. A captação dos recursos deverá ir até abril de 2024. O prazo para a formação do portfólio é de cinco anos, e o prazo do investimento é de 11 anos.
O foco da Perfin são quatro segmentos: rodovias, saneamento básico, geração e transmissão de energia. São setores em que a gestora já atua, por meio de plataformas como a EPR, empresa de rodovias em sociedade com a Equipav; a Comerc, de geração e comercialização de energia, junto com a Vibra; além do consórcio formado com Aegea e Kinea para projetos de água e esgoto.
Um novo setor no qual a Perfin avalia entrar é o de logística — possivelmente com estruturas de armazenagem ou portos, por exemplo. “Temos mapeado ativos no setor, estamos olhando há um ano. Em saneamento, por exemplo, estudamos por três anos antes de entrar. Mas é um segmento que já poderia entrar nos investimentos desse fundo”.
Hoje, a Perfin já tem R$ 9 bilhões de ativos de infraestrutura sob sua gestão. O setor já tem uma participação relevante dentro da gestora, que soma um total de R$ 29 bilhões sob gestão.
O fundo Perfin Infra II é o segundo da gestora voltado ao setor de infraestrutura de forma mais ampla. O primeiro foi o fundo Mercury, lançado no fim de 2020, que à época levantou cerca de R$ 1,7 bilhão. “Como era nosso primeiro fundo multisetorial, demos um prazo de formação do portfólio mais curta, de três anos. Esse período está terminando agora”, diz ela.
Além do Mercury, a Perfin vinha investindo em infraestrutura por meio de fundos mais específicos, que atuaram para “complementar o cheque” no setor — como o Apollo, de energia, o Discovery, de saneamento, e o Voyager, de rodovias.
Dentro dos R$ 5 bilhões de projetos na mira do novo fundo, Rocha afirma que deverá haver um peso equivalente entre os quatro segmentos principais. “Deve ser um portfólio equilibrado ao longo do prazo de investimento. Neste ano, nos movemos mais em rodovias, mas há muita coisa por acontecer em saneamento no ano que vem. Em energia também há um ‘pipeline’ claro de linhas de transmissão por vir, e, em geração, temos olhando algumas oportunidades”, diz.
A EPR, empresa de rodovias formada junto à Equipav, teve um crescimento acelerado desde meados do ano passado. Nesse período, foram conquistadas quatro concessões, com cerca de R$ 19 bilhões de obras por fazer. Segundo a diretora, há espaço para mais crescimento no curto prazo. “Ainda temos recursos, o momento ainda é propício, vamos continuar olhando”. Sobre a ausência de propostas no leilão da BR-381, em Minas Gerais, ela afirma que os riscos envolvidos no projeto levaram à decisão de ficar de fora da licitação.
Em saneamento, a Perfin também deverá manter sua parceria com a Aegea para estudar novos ativos, segundo ela. “Temos essa plataforma juntos com ativos no Sul do país, e a ideia é alimentar essa parceria”. No fim do ano passado, o consórcio foi o único interessado no leilão de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
A privatização da Sabesp, que o governo paulista tenta realizar até 2024, poderá ser estudada pelo consórcio. Porém, Rocha avalia que o processo ainda está muito preliminar. “É um dos ativos fora da região Sul em que poderíamos entrar juntos. Mas a verdade é que ainda há muitas indefinições. Precisamos de mais clareza para entender como será esse processo, se vai acontecer de fato, para dizer se vamos ir adiante”.
No segmento de geração, o grupo analista projetos de fonte solar e de gás natural. Os investimentos nessa área deverão ser feitos preferencialmente por meio da Comerc, mas caso não se encaixe na estratégia da empresa, a gestora também poderá seguir por conta própria, diz ela.
Em transmissão de energia, a diretora também afirma que a Perfin analisa todas as oportunidades. “Ainda não tomamos uma decisão final, mas estamos analisando os leilões, tanto o que acontecerá em dezembro quanto aquele marcado para o meio de 2024”.
Fonte: Valor Econômico

