/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/s/C/CmfxxATqyfPpdVYU75sg/foto02fin-201-opportunity-c6.jpg)
O cenário para ativos de risco globais é benigno e as ações de setores mais sensíveis aos ciclos econômicos já começaram a reagir nos Estados Unidos. A análise é de Vinicius Ferreira, sócio do Opportunity, que afirma que o movimento começou há cerca de três semanas, com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). A taxa caiu 0,1% em junho, abaixo das expectativas dos analistas, que projetavam alta de 0,1%, mostrando desaceleração gradual da economia americana e abrindo espaço para o banco central começar a reduzir os juros no país.
Até então, o bom desempenho do mercado acionário estava concentrado nas ações de gigantes de tecnologia, sobretudo as ligadas à inteligência artificial. “As empresas de tecnologia não deixaram de ser um bom negócio, mas passou o período em que só essas grandes carregam o mercado”, diz Ferreira, que é gestor do fundo Opportunity Global Equity. Ele explica que o dado “gerou rotação” de investimentos. “Os investidores estavam posicionados em empresas de crescimento estrutural, que não dependem do ambiente macroeconômico para entregar crescimento, e mudaram para outros ativos mais sensíveis a ciclos.”
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidiu manter os juros estáveis, mas as autoridades indicaram que o corte está próximo. “Uma redução na taxa básica de juros pode estar na mesa já na próxima reunião em setembro”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell.
Ferreira diz que a mudança de direção dos investidores fica evidente quando se compara o índice Russell 2.000, que reúne as empresas de menor capitalização da bolsa de Nova York, ao Nasdaq, de tecnologia. “O Russell vinha tendo baixa performance frente ao Nasdaq, mas a partir do CPI o quadro começou a mudar e já teve correção. A diferença entre os dois diminuiu quase 15%, ou seja, o Russell foi 15% melhor que o Nasdaq no período.” Ferreira ressalta que o aumento da participação das empresas de outros setores reflete um ambiente de desaceleração suave.
O sócio do Opportunity observa que, embora o Standard & Poor’s 500 (S&P 500) registre alta acima de 20% em 12 meses, ainda há oportunidades na bolsa americana. Ele cita o S&P Equal Weight, que inclui todas as ações do S&P 500, mas dando peso igual a todas. De acordo com o executivo, o índice está negociando numa relação entre preço e lucro de 17 vezes, o que, afirma, é a média histórica. “Não vemos esses múltiplos como caros.”
Com R$ 6 bilhões na estratégia de ações globais, Ferreira explica que há três anos o Global Equity está sem Brasil em carteira. Ele frisa que pode ter ativos domésticos se houver oportunidade, mas no momento não vê nada interessante. De acordo com o gestor, olhar mercados desenvolvidos, mais especificamente os Estados Unidos, foi uma decisão estrutural pelos fundamentos macroeconômicos positivos e ambiente institucional consolidado do país.
“É a economia mais dinâmica que a gente enxerga no mundo, e é onde estamos vendo inovação. Há um tempo existia a expectativa de que a China tomaria a frente, mas os avanços em semicondutores e inteligência artificial vêm sendo concentrados nos Estados Unidos, e a China se mantém dependente do Ocidente para ter acesso a essas tecnologias.”
Fonte: Valor Econômico

