Encontrar novos tratamentos que permitam controlar sintomas, curar e prevenir doenças é essencial para o setor que mais prioriza e investe em inovação.
A Eurofarma, líder da categoria no ranking, tem na inovação um dos pilares estratégicos. “A criação de medicamentos inovadores com moléculas próprias é uma jornada de longuíssima duração. Para isso, fortalecemos o negócio atual para criar caixa e investir em inovação”, diz Martha Penna, vice-presidente de inovação da empresa. Os genéricos são os grandes geradores de caixa da multinacional brasileira, que também investe em medicamentos incrementais, licenças e parcerias em medicamentos com patentes. Mais recentemente, formou um fundo corporativo de investimento focado em empresas inovadoras de biotecnologia. Ao todo, serão investidos até US$ 100 milhões em biotechs que tenham projetos em fase inicial de descoberta e desenvolvimento de medicamentos.
Desde 2023, seis empresas receberam aportes. “Investimos em fases muito iniciais, em medicamentos que ainda não foram para fase clínica ou irão em breve. E normalmente adquirimos um pedaço da empresa”, explica, acrescentando que o objetivo é entrar em companhias que estão fazendo descobertas farmacêuticas em mais um modelo de se aproximar de inovação. Em 2023, a Eurofarma destinou R$ 615 milhões a pesquisa e desenvolvimento, mais que em 2022 (R$ 590 milhões) e 2021 (R$ 400 milhões) A área de inovação, liderada por Penna, tem em torno de 750 pessoas. Fruto disso, os fármacos desenvolvidos nos últimos 60 meses representaram 30% do total da receita da companhia em 2023. Moléculas patenteadas como evogliptina, delafloxacino e cenobamato resultaram do processo de licenciamento em parceria com outras farmacêuticas. A outra face da inovação na Eurofarma está a cargo da área de Rodrigo Fernandes, diretor de empreendedorismo e digital, cujo objetivo é manter a competitividade da companhia e garantir os melhores serviços para pacientes, médicos e farmácias.
Também brasileira, a EMS tem as principais frentes de inovação ligadas a medicamentos genéricos de alta complexidade; à inovação incremental (novas associações e formas farmacêuticas); a biotecnológicos (em parceria com a Bionovis, empresa de alta tecnologia na qual a EMS possui participação); e à inovação disruptiva (radical), por meio da presença da empresa nos Estados Unidos. No Brasil, o centro de P&D em Hortolândia (SP) recebe investimentos de 6% do faturamento anual e soma 656 funcionários. São cerca de R$ 600 milhões de reais, com previsão de aumento para R$ 660 milhões em 2025. O centro trabalha, desde 2006, em sinergia com o laboratório de pesquisas MonteResearch, na Itália. “Entre 40% e 50% do nosso desenvolvimento são inovações incrementais”, diz Carlos Alberto Fonseca de Moraes, diretor de P&D da EMS. Um exemplo é o anti-inflamatório com a ação gastroprotetora Nivux, desenvolvido 100% no Brasil pelas áreas de P&D e de pesquisa clínica da EMS. Moraes cita ainda o Bexai, um anti-inflamatório com nanopartículas.
Se no Brasil o foco da EMS é a inovação incremental, as parcerias com empresas nos Estados Unidos, que remontam a 2013, buscam a inovação radical. “Este tipo de inovação demora muito, eles estão na frente da gente em buscar novas drogas”, explica Moraes. Em Maryland, a empresa criou e mantém a Brace Pharma com objetivo de registrar terapias inovadoras em território americano e, posteriormente, submetê-las ao registro e aprovação de agências regulatórias. Em Atlanta está a Vero Biotech, com a qual a EMS conseguiu aprovação na FDA em 2019 e lançou, em 2020, o Genosyl® DS, um dispositivo portátil da nova geração de óxido nítrico inalatório para tratamento de pacientes pediátricos com hipertensão pulmonar.
Os aportes do Aché Laboratórios Farmacêuticos também estão em alta. O investimento em P&D em 2023 somou R$ 250 milhões, um aumento de 60% sobre os R$ 156 milhões aplicados no ano anterior. Edson Antonio Bernes Junior, diretor para pesquisa e desenvolvimento no Aché, explica que o objetivo é identificar as necessidades não atendidas e traduzi-las em produtos. Cerca de 400 pessoas trabalham nessa área no Brasil.
No curto prazo, a empresa foca no lançamento de produtos similares; no médio prazo, está a inovação incremental e, no longo prazo, a inovação radical, que é o desenvolvimento de novas moléculas. São 12 projetos dentro da área de inovação radical em parceria com universidades e startups. “Em 2024, a participação na receita líquida de novos produtos é de 20% do nosso faturamento. Isso explica a questão de quão saudável é e de quão necessária é a renovação de portfólio”, diz Bernes Junior.
O processo de inovação no Aché ocorre em fases, começando com o mapeamento das necessidades não atendidas, a verificação da viabilidade do produto, aprovação interna para o desenvolvimento até a submissão para Anvisa, lançamento e acompanhamento do desempenho do produto. “O acesso da população a medicamentos está longe de ser ideal, mas já melhorou bastante do que era há dez anos. As empresas nacionais têm o papel de dar acesso a esta população”, aponta Bernes Junior.
Breno Oliveira, CEO da HyperaCotação de Hypera Pharma, reforça o coro de que a inovação é o principal caminho para a democratização do acesso a tratamentos. A empresa está focada na inovação incremental, introduzindo melhorias em produtos já existentes, como uma nova forma farmacêutica que facilite a administração do tratamento ou uma nova combinação de moléculas já conhecidas. “Nos próximos três anos, as moléculas que perderão patentes devem adicionar mais de R$ 10 bilhões ao nosso mercado. Estamos nos preparando para competir nessas novas áreas”, afirma.
Em 2023, os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação foram de R$ 618,1 milhões e a companhia lançou 90 produtos. Como resultado, no primeiro trimestre de 2024, 21% da receita líquida teve origem nos produtos lançados nos últimos cinco anos. Nos últimos 12 meses, até março de 2024, os investimentos totais em P&D corresponderam a 7,4% da receita líquida. Cerca de 700 funcionários se dedicam à inovação no grupo.
A Hypera obteve financiamento de R$ 500 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que serão usados para lançamento de medicamentos e produtos para a saúde. Atualmente, o pipeline de inovação tem cerca de 500 produtos, que serão lançados nos próximos anos, principalmente nas categorias relacionadas a tratamentos crônicos e preventivos.
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