“Esses medicamentos estão mudando o paradigma em termos de percentual de peso eliminado”, afirma o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que acompanhou a apresentação dos dados. Ele se refere ao time formado ainda por semaglutida (ou Ozempic) e a tirzepatida.
Mas a retatrutida dá um passo além. De acordo com o médico, o diferencial da nova molécula é que ela age em três hormônios diferentes: GLP-1, GIP e glucagon. Na prática, significa que aumenta a saciedade, diminui a fome e ainda turbina o gasto metabólico basal – ou seja, ajuda na queima de calorias. Daí porque os resultados na perda de peso se mostram mais expressivos em comparação aos demais remédios que atuam contra a obesidade.
Outro desfecho importante visto nesse grupo foi uma melhora na esteatose hepática, a popular gordura no fígado, que pode ser pano de fundo para diversas complicações na saúde, como cirrose e até câncer. Em alguns casos, a redução nesses índices chegou a 82%.
Mas o especialista faz questão de ressaltar que, “embora os resultados sejam extraordinários, estamos falando de estudos de fase 2″. Isto é, a quantidade de participantes é considerada pequena. “Só na fase 3 teremos dados mais confiáveis sobre a segurança. De qualquer forma, podemos dizer que a retatrutida passou pelas primeiras barreiras nesse aspecto”, comenta. Até o momento, o efeito colateral mais importante foi a náusea – nada muito diferente daquilo registrado com o uso da semaglutida.
Cabe destacar que as pesquisas de fase 3 já estão em andamento.
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