Ministro da Saúde disse que se um presidente resolve atacar a OMS, fazer campanha contra a vacina, os chefes de Estados do Brics estão dizendo que querem produzir mais medicamentos, vacinas, valorizar a ciência
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira (7) que os países do Brics estão defendendo a saúde e a vida, em contraponto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Não tem nada de antiamericano nisso”, disse Padilha a jornalistas ao participar da Cúpula de Líderes do bloco que reúne economias emergentes e em desenvolvimento.
“Os países do Brics estão defendendo a vida, defendendo a saúde e defendendo a ciência. Eu não vejo nada de antiamericano nisso, a não ser se os Estados Unidos mudaram toda a sua tradição histórica de defesa da ciência”, afirmou Padilha ao ser questionado sobre a ameaça de Trump em sobretaxar em 10% os países que se associarem ao Brics.
Ele criticou a postura do presidente americano em relação a temas como ciência e vacinas. “A gente vê hoje, infelizmente, um presidente dos Estados Unidos que persegue os pesquisadores de vacina, corta recursos para as universidades, cancelou o contrato de produção de vacina, cortou um projeto importante da vacina RNA mensageira”, disse Padilha.
Ele comentou, ainda, que o Brics anunciará ainda nesta segunda-feira o lançamento da “Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas”. “O Brics está fazendo um contraponto, dizendo que saúde e vida importam”, destacou.
“Se tem um presidente de um país que resolveu atacar a OMS, tirar dinheiro da OMS, fazer campanha contra a vacina, os chefes de Estados do Brics estão dizendo aqui que nós queremos produzir mais medicamentos, vacinas, cuidar da saúde, valorizar a ciência e fortalecer a Organização Mundial de Saúde”, completou.
Mais cedo, o assessor especial da Presidência e ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Celso Amorim, rebateu a ameaça feita por Trump. Em entrevista ao Valor, Amorim disse que o governo brasileiro “não está incomodado” com a intimidação feita pelo líder norte-americano, mas defendeu que tarifas comercias têm de ser negociadas primeiro, ou seja, não podem ser “impostas unilateralmente”.
“Não é assim, né? Tarifa, para nós, é uma coisa que tem que obedecer às regras da OMC. Tarifas têm que ser negociadas, não são impostas assim por um país unilateralmente. Eu acho que não temos que viver num mundo de vontades individuais, mas num mundo negociado”, disse Amorim.
A ameaça de Trump foi feita em sua rede social, o Truth Social. “Qualquer país que se alinhar com as políticas antiamericanas do Brics terá a cobrança de uma tarifa adicional de 10%”, disse Trump na noite de domingo em uma postagem do Truth Social.”Não haverá exceções a esta política.”
Fonte: Valor Econômico