Medicamento já é utilizado para tratar diabetes e no combate à obesidade, sendo esse último um uso off-label (fora da recomendação da bula)
Por Victoria Nogueira Rosa*, Valor — São Paulo
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou que, após os primeiros sinais de sucesso, vai interromper um estudo que analisa se o medicamento Ozempic pode ajudar no tratamento da insuficiência renal em diabéticos e pessoas com doenças renais crônicas.
A medida, segundo a companhia, é baseada em uma recomendação independente do Comitê de Monitorização de Dados (DMC, na sigla em inglês). A entidade aponta que “os resultados de uma análise interina cumpriram determinados critérios pré-especificados para interromper o ensaio precocemente em termos de eficácia”.
Iniciado em 2019, o estudo, intitulado FLOW, tem como principal objetivo demonstrar por meio do uso do Ozempic o atraso na progressão das doenças renais crônicas e reduzir o risco de mortalidade renal e cardiovascular nos dois grupos estudados.
Para isso, os pesquisadores observaram os efeitos da semaglutida subcutânea, injetável uma vez por semana, nos pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica. A análise foi comparada aos resultados obtidos por meio dos testes com placebo.
Para proteger a integridade da pesquisa, a Novo Nordisk não terá acesso aos resultados até a conclusão. A expectativa é que a íntegra do relatório seja publicada no primeiro semestre de 2024.
Ao todo, 3.534 voluntários, espalhados em 28 países, participaram da pesquisa.
O Ozempic, por sua vez, já é usado no tratamento contra o diabete tipo 2. O seu principal componente, a semaglutida, é capaz de imitar o hormônio GLP-1, liberado no intestino em resposta à alimentação. Na sequência, o corpo é estimulado a produzir mais insulina — o que reduz a glicose no sangue.
O remédio é consumido também por pessoas que querem deixar a obesidade, embora a prescrição não seja essa. O uso “off-label” (fora da recomendação da bula) do Ozempic tem sido indicado pelos médicos porque um efeitos colaterais da semaglutida é a perda de apetite.
Em maiores quantidades, o GLP-1 interage com as partes do cérebro que reduzem o apetite e sinalizam uma sensação de saciedade. Consequentemente, um indivíduo que faz uso do medicamento sente menos fome e emagrece.
Para suprir a demanda por produtos que ajudam a emagrecer, a Novo Nordisk lançou neste ano o Wegovy, um medicamento de uso subcutâneo voltado exclusivamente a esse tipo de público. Feito a partir de uma nova composição da semaglutida (composição 2,4 mg), o item já é vendido na Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Noruega e Reino Unido.
*Estagiária sob supervisão de Diogo Max
Fonte: Valor Econômico