Por Rafael Vazquez — De São Paulo
26/10/2022 05h01 Atualizado há 6 horas
Empresários da micro e pequena indústria estão demonstrando maior otimismo com o desempenho de suas companhias e com a economia, apesar de estarem sofrendo mais com a inadimplência e as dificuldades causadas pelas taxas de juros mais altas, de acordo com pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) realizada pelo Datafolha. Dos 709 entrevistados, 60% responderam que estão otimistas e que a situação da empresa vai melhorar no próximo mês. Para 31%, a situação ficará estável, e 3% estão pessimistas sobre o futuro.
Além disso, a avaliação positiva sobre a situação econômica do país subiu de 27% para 35%, e a avaliação negativa caiu de 39% para 34%. Em uma leitura mais detalhada, nota-se que entre dirigentes de pequenas indústria, 56% avaliam a situação positiva da economia do país, mas entre as micros a taxa é de apenas 32%.
O presidente do Simpi, Joseph Couri, destaca que há um descolamento entre a percepção e a realidade atual, já que a taxa de empresas do setor que sofreu inadimplência aumentou de 28%, em julho, para 40% no período entre setembro e outubro.
“Há um descasamento entre o estado de espírito e a realidade. Existe uma injeção de recursos do Auxílio Brasil que vai direto para consumo, mas, quando se olha o resultado líquido da operação, os juros estão comendo um pedaço. Para agravar o quadro, 10% das empresas estão usando cheque especial, algo impagável”, analisa Couri.
Segundo os dados da pesquisa, 43% dos empresários responderam que a margem de lucro foi ótima ou boa no mês anterior, enquanto 37% responderam que foi regular e 19% disseram que foi péssima. Em relação à última pesquisa, os que responderam que foi ótima ou boa cresceu dois pontos percentuais e os que disseram que foi regular ou péssima caíram um ponto percentual cada.
O estudo também aponta que 43% das empresas têm capital de giro insuficiente, o que traz “muitas dificuldades para os negócios”, e somente 13% têm capital de giro mais que suficiente.
O presidente do Simpi disse ter notado na pesquisa um outro descolamento entre as percepções e expectativa entre as micro e as pequenas indústrias, com as pequenas se mostrando mais confiantes do que as micros. Para ele, o cenário reflete o impacto dos custos de produção e da inflação que, assim como no restante da sociedade, tende a sempre afetar quem tem faturamento ou renda menor.
“A microempresa está sofrendo muito mais. Apanhando da inflação, da elevação de custos”, disse Couri. A pesquisa mostra que 9% dos entrevistados responderam que a empresa pode fechar as portas nos próximos três meses, um ponto percentual a mais do que no estudo anterior entre junho e julho. Entre as pequenas, esse índice foi de 3% e entre as micro foi de 9%.
Em sua análise, a micro e pequena indústria enfrentará um cenário adverso à frente principalmente devido a taxa de juro alta, que chegou a 13,75% e deve se manter nesse patamar até o meio do ano que vem, pelo menos. “Vejo aprofundamento da perda de poder aquisitivo, o que traz menos produção”, prevê Couri.
Fonte: Valor Econômico

