Num cenário de retomada das Parcerias Público-Privada (PPP) na área hospitalar, a Opy Health – gestora de serviços hospitalares que tem entre seus investidores fundos do IG4 Capital e do BTG – venceu o leilão para construção e operação de um novo hospital e maternidade na cidade de Palmas, no Tocantins. Trata-se de um contrato de R$ 2,3 bilhões com duração de 30 anos em que a Opy assume toda a gestão operacional e o governo do Estado é o responsável pelo atendimento médico. O hospital com 210 leitos demandará investimento de R$ 460 milhões, cujos recursos vêm da Opy Health.
No Brasil, há apenas oito PPPs em operação na área hospitalar. Somente neste ano, já foram realizados três leilões que passaram a gestão de hospitais do Rio de Janeiro, Guarulhos (SP) e Palmas para o setor privado e outros já estão programados para 2025. A Opy Health planeja participar de pelo menos dois certames em Porto Alegre e Santa Catarina, previstos para o começo de 2025.
“Há uma nova safra de PPPs começando. Os Estados entenderam que uma parceria com o setor privado ajuda a reduzir custos. O custo de um leito é cerca de 30% inferior. Na pandemia, os hospitais com gestão privada conseguiram se sair melhor, oferecer melhor atendimento”, disse Gustavo Buffara, presidente do conselho da Opy Health e cofundador da IG4 Capital.
Das onze Parcerias Público-Privadas de hospitais que existem no país, três são com a Opy – Delfina Aziz, em Manaus; Metropolitano Dr. Célio de Castro, em Belo Horizonte, e agora o Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas. Além disso, a empresa tem parceria com o Hospital Albert Einstein em dois hospitais públicos em Goiânia em que a gestão de serviços fica a cargo da Opy e o atendimento médico com o Einstein. É um modelo um pouco diferente das PPPs em que o Estado fica o assistencial.
A Opy assume toda a gestão, como a obra do hospital, compra de medicamentos, insumos, administração de funcionários, finanças, segurança, tecnologia, entre outros – serviços conhecido no jargão do setor como bata cinza. A exceção é o atendimento médico (bata branca). No total, a empresa tem sob sua administração 1,4 mil leitos.
Os R$ 460 milhões para investimento na construção do Hospital e Maternidade Dona Regina virão de recursos próprios e financiamento. A Opy se capitalizou com a entrada de um dos fundos do BTG, no segundo semestre do ano passado.
Para este ano, a receita prevista da Opy Health é de R$ 380 milhões e o lucro antes de juros, depreciação e amortização (Ebitda), de R$ 185 milhões.
Nessa nova fase, além da atuação na área pública, a Opy está retomando um projeto de investir no setor privado. A empresa está em conversas para a aquisição de imóveis hospitalares atrelada à locação de longo prazo (“sales and leaseback”). O negócio pode envolver ainda a compra dos equipamentos médicos, que em geral têm alto valor – esse tipo de serviço é pouco ofertado no mercado -, e a gestão administrativa do hospital.
Em tempos de crise no setor, as transações imobiliárias têm sido uma das principais alternativas utilizadas pelos grupos de saúde para redução de endividamento.
Segundo o Valor apurou, a Opy está em negociações exclusivas e adiantadas com dois hospitais particulares, sendo que uma delas é uma operação de cerca de R$ 400 milhões e outra, entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões. Sobre essas transações, a empresa informou que não comenta rumores de mercado.
A Opy também está negociando parcerias com grupos hospitalares para entrar como investidora. Os recursos podem ser destinados, por exemplo, à construção de uma nova unidade, compra de equipamentos, entre outras iniciativas. Um dos parceiros pode ser o Hospital Albert Einstein que tem projetos de expansão em andamento.
O Einstein já trabalha em conjunto com a Opy na área pública há alguns anos. Em julho, a empresa assumiu a gestão administrativa do Hospital Estadual de Urgência de Goiás (Hugo), num contrato de R$ 60 milhões, por ano, com validade até 2029.
Fonte: Valor Econômico