Um remédio para tratar a obesidade foi responsável pela queda de 24% do peso das pessoas que participaram de um estudo com a substância, que teve os resultados divulgados nesta segunda (26).
A pesquisa ainda é preliminar, mas é um indicativo de que a droga pode ser uma nova ferramenta no controle da massa corporal entre pacientes com excesso de peso.
O artigo, publicado na revista The New England Journal of Medicine, investigou a retatrutide. A droga simula a ação de três hormônios que já são estudados pelos efeitos de diminuir o apetite e de auxiliar na maior queima de calorias. Uma dessas substâncias é o GLP-1, que manda sinais ao cérebro de saciedade. Além dele, a retatrutide é composta pelos GIP e GCC.
O novo estudo foi financiado pela farmacêutica Eli Lilly, que também desenvolve a droga. A amostra da pesquisa foi de 338 adultos com IMC (Índice de Massa Corporal) de no mínimo 30, número já considerado obesidade. Outra possibilidade era a pessoa contar com o índice no nível 27 unido a alguma condição associada a obesidade.
Os participantes foram divididos entre o grupo que recebeu placebo e outra parte que teve acesso ao remédio de verdade. Nesse segundo grupo, ainda houve separações com base na dosagem do medicamento. Por exemplo, alguns dos envolvidos receberam a droga com 1mg, enquanto outros chegaram a pesagem de no máximo 12mg.
O peso de cada um foi consultado no início da pesquisa e após 24 semanas. Depois, a medida foi novamente tirada em 48 semanas a partir do começo da investigação. Então, as aplicações foram feitas uma vez por semana. Ao chegar aos dois períodos definidos do estudo, foi possível observar a redução de peso que a retatrutide causou em comparação àqueles do grupo placebo.
Em 24 semanas, os pacientes que chegaram a tomar a dose de 12mg apresentaram uma queda de 17%. O mesmo grupo, em 48 semanas, apresentou redução de 24% na massa corporal. A contração foi basicamente nula em quem utilizava o placebo: de 1,6% e 2,1%, respectivamente para cada período.
Entre aqueles que tiveram uma dosagem menor da retatrutide, como de 1mg, também houve queda no peso, mas em níveis baixos. Em 24 semanas, a redução foi de 7% e, no segundo período de medição, a queda foi de quase 9%.Veja o que diz a ciência sobre tratamentos para emagrecer
Na conclusão, os pesquisadores apontam que a dosagem de 12mg foi responsável por uma queda substancial no peso dos participantes. Eles explicam que os dados encontrados para essa versão da retatrutide representa uma eficácia alta que é rara quando “comparada com achados de estudos clínicos de outros agentes anti-obesidade, mesmo que tenha sido observada com a cirurgia bariátrica“.
Por exemplo, o wegovy, produzido pela Novo Nordisk e indicado para tratamento da obesidade, apresentou uma redução de 17% do peso corporal dos participantes em cerca de dois anos de uso durante um estudo clínico.
Embora promissor, novos estudos com a retatrutide são necessários já que a pesquisa recém-publicada é de fase 2. Nesse tipo de investigação, a amostra de participantes é menor e um dos enfoques principais é medir a segurança do fármaco. Para aprovações em agências regulatórias, como a Anvisa, pesquisas de fase 3 são essenciais. Nelas, o número de participantes é muito maior e as conclusões, mais assertivas.
Efeitos colaterais
O artigo ainda traz dados sobre os efeitos colaterais que a substância causou nos participantes. De modo geral, eventos gastrointestinais, como vômitos e náuseas, foram os mais comuns. Eles foram relatados tanto no grupo placebo quanto naqueles que utilizaram o medicamento.
No entanto, alguns dos participantes que acessaram ao medicamento desistiu de continuar na pesquisa por conta dos efeitos, algo não observado no grupo placebo.
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Os sintomas associados às substâncias eram principalmente leves ou moderados. Problemas mais sérios ocorreram, mas com índice igual entre os dois grupos: cerca de 4% dos participantes em cada uma das partes relatou eventos adversos mais graves.
Fonte: Folha de São Paulo