Governo está considerando permitir a venda de medicamentos que não precisam de receita em supermercados
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O governo está considerando permitir a venda de medicamentos que não precisam de receita (MIPs – principalmente medicamentos de venda livre, OTCs) em redes de supermercados, de acordo com reportagens.
A equipe de research do JPMorgan vê a potencial mudança como tendo um impacto marginal nas empresas sob sua cobertura, pois é improvável que tais alterações impulsionem, se ocorrerem, um aumento significativo na demanda ou mudanças nos hábitos de consumo.
Além disso, o banco americano considera improvável que todo o espectro de medicamentos OTC (aqueles que podem ser comprados sem receita médica) seja disponibilizado no varejo alimentício, dado que alguns desses produtos apresentam baixa rotatividade.
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Olhando para Estados Unidos, onde a regulamentação das vendas de OTC é mais flexível e o e-commerce mais desenvolvido, “as farmácias ainda prevalecem como o principal canal de distribuição de medicamentos OTC, devido à sua conveniência”, comenta o JPMorgan.
Em termos de receita, analistas destacam que as vendas de OTC representam cerca de 15 a 20% das vendas das farmácias e aproximadamente 30-40% das vendas da área de loja.
Mais especificamente, eles correspondem a cerca de 21% das vendas brutas da RD (RADL3) e 22% das vendas brutas da Pague Menos (PGMN3).
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Apesar de ser uma linha de receita relevante, o JPMorgan não vê a abertura das vendas de OTC para outros varejistas como uma ameaça estrutural para as farmácias, uma vez diversas redes de supermercado, como Carrefour Brasil (CRFB3) e Assaí (ASAI3), já operam ou possuem farmácias anexas a seus formatos principais.
O JPMorgan também menciona que a ocasião de compra de medicamentos tende a ser diferente daquela de compras em supermercados e outros varejistas generalistas/e-commerce, como Lojas Americanas (AMER3), geralmente exigindo conveniência e disponibilidade fora do horário comercial tradicional, dado o perfil de demanda mais imediata.
Por outro lado, o JPMorgan acredita que empresas farmacêuticas de OTC, como a Hypera (HYPE3), podem se beneficiar, considerando que a mudança permitiria a essas companhias operar em novos canais e, eventualmente, expandir a categoria.
O Itaú BBA, por sua vez, avalia que, caso eventualmente aprovado (o que não é o cenário base), isso representaria uma notícia negativa para as farmácias.
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Analistas do BBA calculam que aproximadamente 15% do total da receita bruta da RD esteja exposto a esta proposta (OTCs respondem por 20% das receitas totais, e 75% são relacionados a medicamentos).
Para os varejistas de alimentos, o movimento é claramente positivo, na avaliação do BBA, embora seja quase impossível fazer uma avaliação precisa de potenciais receitas/lucros adicionais. “Eles enfrentariam regulamentações sanitárias rigorosas (como manuseio, armazenamento, contratação de produtos farmacêuticos, etc.), potencialmente reduzindo a lucratividade de tais operações”, diz o banco.
No entanto, medicamentos OTC geralmente oferecem margens brutas mais altas de 30%-35%, em comparação com 16%-20% para o varejo de alimentos.
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O Itaú BBA ainda comenta que a ideia de permitir a venda de medicamentos MIPs em supermercados está longe de ser nova – a diferença hoje é que o governo realmente precisa lidar com as crescentes expectativas de inflação.
Segundo relatório, o progresso tem sido dificultado por preocupações com a automedicação no Brasil, que responde por uma parcela significativa dos casos de intoxicação relatados. Com aproximadamente 90.000 farmácias em todo o país, o acesso a medicamentos não é uma questão urgente.
O Itaú BBA acredita que muitas compras de produtos sem receita são motivadas por impulso. Assim, uma eventual aprovação de tal medida provavelmente aumentaria o TAM (mercado total endereçável) desses produtos, em vez de apenas reduzir a participação de mercado das farmácias.
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Para Hypera, a notícia pode ser marginalmente positiva, pois representaria um canal de vendas adicional para seu principal segmento de produtos. Além disso, a empresa se beneficiaria de ser uma das únicas empresas farmacêuticas que já têm um relacionamento comercial estabelecido com as maiores empresas de varejo de alimentos do país – vendendo produtos como Engov After, Zero-Cal, Finn, Tamarine e outros.
Embora acredite que a venda de medicamentos OTC em redes de supermercados possa ter um efeito positivo nas vendas devido ao maior consumo por impulso, o BBA vê o impacto potencial para as empresas farmacêuticas como menos significativo do que para as empresas de varejo de alimentos.
Fonte: INFOMONEY