As pessoas físicas passaram a investir mais em fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) em 2024, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Relatório divulgado nesta segunda-feira pela entidade mostra que 37,8 mil pessoas investiam no instrumento em maio deste ano, alta de 70% na comparação com o final de 2023.
A resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu as portas para que investidores em geral entrassem nesse produto, que antes era voltado especificamente para investidores profissionais e qualificados.
“Nossa expectativa é que a adaptação do estoque de FIDCs às novas normas, que acontecerá em novembro deste ano, abra espaço para um crescimento ainda maior que o registrado até aqui”, afirma, em nota, Sergio Cutolo, diretor da Anbima.
Além dos investidores pessoa física, a Anbima destaca a relevância dos fundos de investimento, segundo maior público com cotas de FIDCs. De acordo com o relatório, havia 29 mil fundos investindo na categoria em maio.
Em maio, 71,6% dos ativos de FIDCs abertos tinham liquidez superior a 360 dias. “Ou seja, em períodos de estresse e grandes ondas de resgate, os gestores desses fundos podem ter dificuldades em liquidar seus ativos e honrar a demanda de seus cotistas”, diz a associação.
No fim de 2023, o percentual era de 65,6%. Apesar da alta comparada a 2023, o resultado é inferior aos níveis de 2022 e 2021, de 80,9% e 85,2%, respectivamente.
A entidade afirma ainda que a existência de fundos financeiros abertos com participação em FIDCs fechados também oferece um risco de liquidez devido às dificuldades para atender ao resgate dos cotistas. Em maio de 2024, havia 1.656 fundos desse tipo.
A CVM também divulgou nesta segunda-feira seu boletim econômico e mostrou que as emissões de valores mobiliários cresceram 63% no primeiro semestre de 2024, quando comparados ao mesmo período de 2023. Até junho, o total emitido foi de R$ 440,1 bilhões, contra R$ 268,9 bilhões do ano anterior. O destaque ficou com o mercado de renda fixa, em especial debêntures, com um valor total de R$ 225,2 bilhões, ante R$ 93,1 bilhões no primeiro semestre do ano anterior.
No mercado secundário, também de janeiro a junho deste ano, a média diária de volume financeiro no mercado de ações (lote padrão) ficou abaixo da média do mesmo intervalo do ano passado, enquanto no mercado de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e debêntures o volume financeiro foi superior.
No acumulado dos seis meses do ano até junho foram, registrados 530,2 milhões de contratos de derivativos liquidados em bolsas, contra 470,4 milhões de contratos registrados de janeiro a junho de 2023. O montante considera juros futuros (DI), dólar futuro e Ibovespa futuro – este último foi o único que ficou abaixo, somando 11,9 milhões de contratos no primeiro semestre de 2024, contra 16,6 milhões em igual intervalo de 2023.
Já no segundo trimestre de 2024, o número de regulados cresceu 1,4% ante o primeiro trimestre deste ano, chegando à marca de 88.421 participantes. O maior crescimento foi observado no setor de plataformas eletrônicas de investimento participativo (“crowdfunding”), com aumento trimestral de 5% na quantidade de regulados.
A estimativa para o valor total do mercado regulado é de R$ 57,91 trilhões em 2024, 24% acima do ano passado. Excluindo os derivativos computados pelo estoque nocional de ambos os anos, o valor aumenta 9,4% (R$ 1,29 trilhão). O destaque fica para o crescimento dos fundos de investimento, que representa R$ 1,32 trilhão.
A CVM destaca que o número apresentado “consiste em estimativas e não inclui todos os valores mobiliários sob a sua jurisdição” e que, para os anos anteriores, corresponde à informação de final de período.
Fonte: Valor Econômico

