A Novo Nordisk continuou sua surpreendente campanha para arrebatar uma promissora empresa de biotecnologia da Pfizer nesta terça-feira (4), aumentando sua oferta para mais de 30% acima do que a Pfizer havia inicialmente concordado em pagar, sem incluir pagamentos por metas futuras.
A disputa pública e conturbada pela Metsera — uma entre várias biotechs que desenvolvem medicamentos voltados ao mercado de perda de peso — começa a pesar sobre o preço das ações da Novo. O recibo de ações da empresa dinamarquesa negociado nos EUA caiu 4,4% entre o anúncio da semana passada de que estava tentando adquirir a Metsera e o fechamento do pregão de segunda-feira. Caiu mais 1,5% nesta terça.
A nova oferta da empresa inclui um pagamento inicial de US$ 6,7 bilhões, mais até US$ 2,8 bilhões em pagamentos por metas. Seria uma quantia espetacular para qualquer um pagar pela Metsera, que tinha um valor de mercado de US$ 3 bilhões antes de a Pfizer anunciar seus planos de aquisição em setembro.
A empresa não tem produtos aprovados, nenhum medicamento em testes de Fase 3, e apenas um em Fase 2.
A Pfizer entrou com duas ações judiciais para preservar seu acordo. Os processos — um em tribunal federal e outro em tribunal estadual em Delaware — retratam a Novo como uma monopolista europeia interferente, e a Pfizer como um cavaleiro branco tentando proteger os consumidores americanos.
A ação federal busca impedir a fusão da Metsera com a Novo por motivos antitruste, enquanto a ação estadual contesta o direito da Metsera de considerar a oferta da Novo sob os termos de seu contrato com a Pfizer.
“A Novo Nordisk está subornando a Metsera, seu conselho de administração e seus acionistas controladores para permitir que a Novo Nordisk controle seu destino e impeça que os produtos revolucionários da Metsera cheguem ao mercado pelo maior tempo possível”, escreveram os advogados da Pfizer na ação federal protocolada na segunda-feira.
A Novo ridicularizou as alegações da Pfizer. “Em vez de competir pelo preço, a Pfizer adotou uma abordagem altamente incomum e aparentemente desesperada ao entrar com sua ação antitruste”, disse a Novo em comunicado na segunda-feira.
Os riscos são altos. O medicamento para perda de peso da Novo, Wegovy, está perdendo participação de mercado para o Zepbound da Eli Lilly, e as ações da empresa despencaram desde meados do ano passado. Houve grande turbulência na Novo, incluindo a demissão de seu executivo-chefe e um plano recentemente anunciado para substituir todos os membros independentes do conselho.
A administração da empresa está claramente sob pressão para tomar medidas drásticas.
Enquanto isso, a Metsera tem uma linha de medicamentos para perda de peso, incluindo um que poderia ser administrado mensalmente, em vez de semanalmente, como o Wegovy e o Zepbound.
Não está claro por que a Novo decidiu apostar tudo na Metsera. Existem outras biotechs trabalhando em medicamentos para obesidade, como a Structure Therapeutics e a Viking Therapeutics, que provavelmente seriam mais fáceis para a Novo adquirir do que uma empresa já vinculada à Pfizer.
Para a Pfizer, a Metsera representa outra chance de entrar no aquecido mercado de perda de peso após seus esforços internos anteriores fracassarem.
Nenhuma das empresas está recuando. Enquanto a Pfizer lançou mão de retórica pesada e acionou seus advogados, a Novo abriu ainda mais sua carteira.
O acordo inicial da Pfizer para comprar a Metsera incluía um pagamento em dinheiro de US$ 47,50 por ação, para um valor de mercado inicial de US$ 4,9 bilhões, mais um direito de valor contingente de até US$ 22,50 por ação se a empresa atingisse certas metas. A oferta da Novo em 30 de outubro elevou o pagamento inicial para US$ 56,50 por ação, para um valor de mercado inicial de US$ 6 bilhões, mais um valor contingente de US$ 22,50.
A Novo também prometeu pagar aos acionistas o valor em dinheiro antes da votação dos acionistas e antes de o acordo receber aprovação regulatória, dizendo que pagaria o valor contingente posteriormente. A Pfizer condenou essa estrutura, chamando-a de uma manobra para contornar as leis antitruste que daria à Novo controle efetivo da empresa antes da revisão regulatória.
A Metsera disse que a Pfizer, na segunda-feira, havia aumentado sua oferta para US$ 60 por ação em dinheiro, mais US$ 10 de direito de valor contingente. A Metsera disse que a Pfizer também exigiria que a empresa emitisse um comunicado à imprensa “afirmando que a proposta da Novo Nordisk apresentava riscos inaceitavelmente altos e era inviável.”
Após a proposta da Pfizer, no entanto, a Novo respondeu com o que a Metsera chamou de uma oferta ainda melhor: US$ 62,20 por ação à vista, mais um valor contingente de US$ 24. O acordo segue a mesma estrutura da oferta anterior da Novo, com os acionistas recebendo o pagamento em dinheiro antes da votação sobre o acordo e antes da aprovação regulatória.
A Metsera disse que a proposta da Novo avalia a empresa em US$ 10 bilhões, incluindo os pagamentos por metas, enquanto a nova proposta da Pfizer a avalia em US$ 8,1 bilhões. A Metsera afirmou que considerou a nova proposta da Novo superior à nova proposta da Pfizer e que daria à Pfizer mais dois dias para melhorar sua oferta. Após esse prazo, disse que encerraria sua fusão com a Pfizer.
“Não vemos como o acordo da Novo pode ser superior. É uma tentativa ilegal de uma empresa estrangeira de contornar as leis antitruste durante uma paralisação do governo”, disse um porta-voz da Pfizer à Barron’s. “Continuamos buscando todos os recursos legais.”
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Fonte: Valor Econômico