Por Dow Jones — Londres
17/10/2022 10h30 Atualizado há 11 minutos
O novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira que vai reverter quase todas as propostas de cortes de impostos sugeridas por seu antecessor e reduzirá o teto de preço das contas de energia. O objetivo é tranquilizar os mercados sobre a estabilidade das contas do governo.
Hunt reverteu os cortes de impostos planejados e disse que a manutenção das taxas pode provocar uma arrecadação de cerca de 32 bilhões de libras por ano. Ele também disse que o período para os subsídios das contas de energia no inverno, que deveriam durar dois anos, deve ser reduzido.
“O objetivo mais importante para o nosso país agora é a estabilidade”, disse ele.
O anúncio é uma grande reviravolta do pacote de medidas que a primeira-ministra Liz Truss anunciou no mês passado e uma tentativa de Hunt para tranquilizar os mercados financeiros, reduzir os custos de empréstimos do Reino Unido e aliviar a pressão sobre o Banco da Inglaterra para aumentar as taxas de juros para controlar inflação. O governo já havia revertido dois cortes de impostos propostos anteriormente, incluindo uma redução planejada no imposto corporativo e a remoção de uma taxa sobre os mais ricos.
Os mercados reagiram positivamente aos anúncios, com a libra subindo 1,1% em relação ao dólar, para US$ 1,13, e o rendimento da dívida de 10 anos do governo do Reino Unido caindo 0,42 ponto porcentual, para 3,96%.
Hunt disse que um corte de imposto de renda planejado para o próximo ano seria revogado indefinidamente e que outras reduções de impostos propostas, incluindo o congelamento do imposto sobre o álcool e a cobrança sobre dividendos, seriam retiradas. A única proposta que permanece do plano anterior é o corte nos repasses do sistema de seguro nacional.
O pacote de subsídio de energia, que deveria limitar os preços de energia para empresas britânicas por seis meses e das residências por dois anos, se tornará mais focalizado a partir de abril do próximo ano, disse Hunt.
“Seria irresponsável para o governo continuar expondo as finanças públicas à volatilidade ilimitada dos preços internacionais do gás”, disse Hunt. Esse pacote de energia deve custar 60 bilhões de libras nos próximos seis meses.
Outros cortes de gastos serão apresentados no dia 31 de outubro, juntamente com uma análise independente do orçamento, disseram funcionários do Tesouro. O Instituto de Estudos Fiscais, um órgão independente de pesquisa econômica, estimou recentemente que os planos iniciais do governo aumentariam o déficit nas finanças do governo em 60 bilhões de libras.
Kwasi Kwarteng, ex-ministro das Finanças, foi demitido do cargo na sexta-feira depois que os mercados e os membros do Partido Conservador rejeitaram o plano de empréstimo para financiar os maiores cortes de impostos do Reino Unido desde a década de 1970. O caos que se seguiu após a divulgação do pacote econômico deixou Truss lutando para salvar seu emprego em meio a uma revolta em seu partido.
“Claramente o mercado gosta do fato de Jeremy Hunt ter o bom senso de apresentar justificativas e isso mostra que ele entende a importância dos mercados financeiros e de falar com os investidores”, disse Jane Foley, estrategista sênior de câmbio do Rabobank. “Esse é um movimento na direção certa, mas ainda há muita incerteza sobre se Truss pode permanecer em seu cargo”.
O antecessor de Hunt anunciou uma série de cortes de impostos junto a um pacote projetado para blindar residências e empresas do aumento dos custos de energia como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia. Os investidores expressaram preocupação com a escala necessária para os empréstimos em um momento de alta inflação e taxas de juros em alta. Taxas de juros mais altas aumentam os custos dos empréstimos e colocam as finanças do governo em situação precária.
A incerteza sobre as perspectivas dos empréstimos e o impacto deles nas contas públicas britânicas levou a uma queda acentuada nos preços dos títulos do governo do Reino Unido, forçando o Banco da Inglaterra a intervir no mercado para evitar maior derretimento nos preços dos ativos do governo.
Essa intervenção terminou na sexta-feira, aumentando as dúvidas sobre a confiança dos investidores nas semanas anteriores à declaração oficial sobre o novo plano econômico de Truss, no dia 31 de outubro.
Fonte: Valor Econômico

