Por André Mizutani e Arthur Cagliari, Valor — São Paulo
02/08/2022 18h50 Atualizado há 16 horas
A presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, Loretta Mester, disse hoje que não acredita que os Estados Unidos estejam em uma recessão e que o BC americano ainda precisa apertar mais a economia para reequilibrar a oferta e a demanda, mas que alguns elementos começam a mostrar sinais de que a inflação começou a desacelerar.
Falando em entrevista ao “The Washington Post”, Mester disse que não acredita que a economia americana já esteja em recessão. Embora o PIB do segundo trimestre tenha indicado o segundo trimestre consecutivo em queda – que constitui uma das definições de recessão -, a integrante do Fed disse que “quando uma recessão está em curso, normalmente vemos o mercado de trabalho se deteriorando rapidamente, e certamente o mercado de trabalho está bem saudável no momento”.
Mester disse que o mercado de trabalho sofrerá alguma deterioração antes de que a inflação seja controlada. “Eu acredito que veremos algum aumento do desemprego conforme avançamos neste ciclo porque a demanda por mão-de-obra está superando a oferta e podemos ver alguns dos números mensais sofrerem ajustes”, disse Mester. “Mas precisamos que esta moderação aconteça para garantir que teremos uma economia saudável, em termos de estabilidade de preços, que é necessária para um mercado de trabalho sustentavelmente saudável no longo prazo”.
A presidente do Fed de Cleveland disse, por outro lado, que os preços das commodities já estão dando sinais de moderação, mas que vários outros pontos dos relatórios de inflação que ainda estão longe de onde o Fed precisa que eles estejam. “Se olharmos com cuidado, podemos mais ou menos ver o que talvez seja o começo do processo destes preços caindo”, disse.
A entrevista de Mester segue na esteira dos comentários da presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, que disse mais cedo, em entrevista, que o BC americano não está nem perto de terminar sua batalha contra a pior inflação registrada em quatro décadas. “Nós fizemos um bom início e eu me sinto bem com o que conseguimos até agora”, mas a inflação “está muito alta”, Daly disse em uma entrevista ao LinkedIn.
Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, disse estar esperançoso de que o banco central americano será capaz de desacelerar seu ritmo de aumentos de juros no restante do ano, à medida que eleva os custos do crédito para níveis que devem desacelerar a economia.
“O tipo de coisa que faria aumentos maiores de juros em setembro seria se a perspectiva não melhorasse”, afirmou Evans a repórteres em uma entrevista na terça-feira. “Acho que há tempo suficiente para concluir que 0,50 [ponto percentual] é uma avaliação razoável, mas 0,75 também pode ser bom”.
Fonte: Valor Econômico

