Por Victor Rezende, Matheus Prado, Igor Sodré e Gabriel Roca, Valor — São Paulo
27/10/2022 14h36 Atualizado há 14 horas
Os ativos brasileiros acentuaram a volatilidade na reta final do pregão, na medida em que os participantes do mercado se mostraram bastante atentos a uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)divulgada nesta tarde. No documento, ele aponta que irá combinar responsabilidade fiscal e social em um eventual governo, o que agradou os agentes financeiros.
Assim que o documento foi divulgado, os ativos brasileiros foram às máximas do dia. O Ibovespa chegou a subir mais de 3%, mas desacelerou e acabou fechando em alta de 1,66%, aos 114.640 pontos. Na máxima, foi aos 116.236 pontos e, na mínima, 112.765 pontos. O dólar encerrou em queda de 1,35%, a R$ 5,3082, após ter ido a R$ 5,2422 na mínima do dia. No mercado de juros futuros, as taxas acentuaram o ritmo de queda e foram às mínimas do dia no início da sessão estendida.
No Ibovespa, a alta só não foi maior por causa da queda de 3,56% dos papéis da Vale, que têm o maior peso no índice.
Depois de alcançarem suas máximas intradiárias com a expectativa da carta, os futuros do mercado local reduziram seus ganhos.
Segundo agentes do mercado, o teor da carta, que não trouxe grandes novidades, e a divulgação da pesquisa Datafolha para o pleito presidencial impulsionaram a correção. O levantamento mostrou Lula com 49% das intenções totais de votos, contra 44% de Bolsonaro. Em termos de votos válidos, o ex-presidente apareceu com liderança de 53% a 47%.
No fechamento do pós-mercado, o Ibovespa futuro com vencimento em dezembro, que registrou 117.725 pontos nas máximas, encerrou o dia com alta de 0,34%, aos 115.610 pontos. Já o dólar futuro com o mesmo vencimento, que chegou a operar a R$ 5,244 nas mínimas, fechou em queda de 0,99%, a R$ 5,335. O contrato do DI para janeiro de 2024 recuou de 12,995% no fechamento regular para 12,98%, enquanto o do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,82% para 11,73%.
Entrevista de Henrique Meirelles
Os ativos brasileiros já haviam embarcado em um dia de alívio nesta quinta-feira, em um movimento de correção após o forte estresse observado nos três primeiros pregões da semana. Participantes do mercado citaram uma descompressão de prêmios de risco dos ativos domésticos, enquanto também avaliam a entrevista do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao Valor.
Participantes do mercado local têm especulado, nos últimos dias, que Henrique Meirelles pode ser o responsável pela gestão da economia em um eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A percepção, segundo eles, foi reforçada em entrevista concedida por Meirelles ao Valor hoje. Essa sensação, de acordo com um gestor, “ajuda o mercado a descomprimir um pouco os prêmios que estavam sendo colocados na véspera da eleição”.
Entre as maiores altas da bolsa nesta quinta-feira, destaque para empresas de educação. No setor de construção civil, também importante nas promessas do candidato por conta do Minha Casa, Minha Vida, os papéis também exibem altas expressivas.
“O Meirelles usou a mesma linguagem do Lula (programa de responsabilidade fiscal e social) na entrevista e o mercado já mostrou que gosta dele. Acredito que a melhora de hoje é por conta disso e da redução do risco institucional após o Bolsonaro utilizar tom mais apaziguador no pronunciamento de ontem”, afirma um gestor sob condição de anonimato.
Fonte: Valor Econômico

