Economistas afirmam ter dúvidas sobre o real potencial de impacto das medidas aventadas pelo governo sobre os preços dos alimentos.
“Parece que os instrumentos são muito limitados, hoje, para que o governo consiga um efeito relevante sobre preços de alimentos”, afirma Alexandre Maluf, economista da XP.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), sinalizou nesta quarta-feira (22) que o governo poderia fazer “intervenções” para viabilizar o barateamento dos alimentos no país. Depois, a Pasta divulgou nota na qual ajusta o termo utilizado pelo titular. Segundo o ministério, “não está em discussão” uma intervenção nos preços, e sim “medidas” que poderão ser implementadas junto aos produtores de alimentos.
Reportagem do Valor conta que indústrias e varejistas passaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa reunião no Planalto em 21 de novembro do ano passado, um conjunto de sugestões que poderiam ser adotadas pelo governo com o intuito de amenizar pressões na inflação alimentar, por meio da redução nos custos das empresas. Essas medidas passariam por redução de taxas cobradas às lojas pelos cartões de vale alimentação e também pela venda de medicamentos em redes de supermercados, para ampliar escala e reduzir custos.
Andrea Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, diz não acreditar que medidas como as cogitadas ajudariam a reduzir os preços. Segundo ela, o “espaço” criado pode virar margem para as empresas.
Vales ou vouchers são uma possibilidade de ação voltada para lidar com o peso da inflação de alimentos aos mais pobres, mas que não necessariamente se traduzem em queda de preços, observa Maluf.
Ele lembra ainda que, historicamente, intervenções sobre o setor não são bem-sucedidas. “Intervenções na formação de preços tendem a não ser bem-sucedidas no médio prazo”, afirma.
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Fonte: Valor Econômico