A Novo Nordisk informou nesta sexta-feira (20) que os resultados completos dos testes em estágio inicial mostram que o seu medicamento experimental Amycretin ajudou adultos com sobrepeso e obesidade a perderem até 24% do peso, à medida que a empresa dinamarquesa se prepara para iniciar estudos em estágio avançado no próximo ano.
A empresa afirmou que os efeitos colaterais do medicamento, testado tanto como injeção semanal quanto como comprimido diário, foram em sua maioria gastrointestinais, com taxas semelhantes às de outros medicamentos recentes para perda de peso.
Os resultados completos do estudo foram apresentados na reunião anual da Associação Americana de Diabetes em Chicago e publicados na revista médica “The Lancet”.
O chefe de desenvolvimento da Novo, Martin Holst Lange, disse que o programa de fase 3 do Amycretin, que começa em 2026, será realizado “por alguns anos”, após os quais o processo de revisão regulatória poderá começar.
A empresa já havia dito no início deste mês que planeja iniciar os testes em estágio avançado do medicamento no primeiro trimestre de 2026, após já ter anunciado os resultados da fase inicial.
O Amycretin possui uma ação de modo duplo. Assim como o Wegovy, popular medicamento para perda de peso da Novo, ele imita o hormônio intestinal GLP-1, mas também atua em receptores de um hormônio pancreático supressor do apetite chamado amilina.
Os resultados dos testes mostraram que injeções semanais de 20 miligramas do medicamento ajudaram pacientes com sobrepeso ou obesidade, sem diabetes, a perderem 22% do peso em 36 semanas, e com uma dose de 60 miligramas resultando em perda de 24,3% do peso.
No estudo de fase 1 com Amycretin oral de dose única diária, os pacientes receberam doses crescentes, variando de 3 miligramas até uma dose final de 100 miligramas.
Pacientes que tomaram 50 miligramas de Amycretin ao final do estudo de 12 semanas reduziram o peso corporal em 10,4% em média, enquanto aqueles que tomaram a dose máxima perderam 13,1% do peso, segundo a empresa.
A Novo afirmou que a perda de peso não atingiu um platô, o que sugere que um tratamento mais longo poderia levar a uma perda ainda maior de peso.
Em um comentário publicado na revista “Lancet”, pesquisadores que não participaram dos estudos com Amycretin disseram que “embora uma perda de peso adicional seja bem-vinda e útil, nosso conceito em evolução de manejo da obesidade agora se concentra na redução dos riscos e encargos de doenças cardiovasculares e outras comorbidades”.
Os comentaristas Tricia Tan, professora de medicina metabólica e endocrinologia no Imperial College London, e o endocrinologista Doutor Bernard Khoo, disseram que estudos comparando diretamente medicamentos GLP-1 como o Ozempic, da Novo, com medicamentos como o Amycretin serão necessários para estabelecer de forma definitiva seu valor adicional e seu papel no tratamento da obesidade.