Após o Banco Central encerrar o ciclo de cortes de juros, com a manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano, a renda fixa continuará brilhando entre as aplicações financeiras. Papéis que acompanham a inflação no Tesouro Direto são os preferidos dos especialistas para investir por um longo período, mas também há oportunidades nos prefixados. Com os juros estabilizados em dois dígitos, faz menos sentido neste momento investir nas ações brasileiras e em outros investimentos de mais risco.
Apesar da incerteza quanto ao futuro em razão das pressões políticas para reduzir os juros, a maioria do mercado prevê que a taxa siga nesse patamar de 10,5% neste ano. A expectativa majoritária é que somente em 2025 seja retomado o ciclo de baixa de juros.
Isso significa que os juros dos empréstimos e das aplicações financeiras que acompanham o CDI, como os certificados de depósito bancário (CDBs), ou a Selic, como o Tesouro Selic, seguirão nas alturas por mais tempo, mas outras aplicações financeiras estão oferecendo remunerações ainda melhores para aqueles que conseguem esperar para fazer o resgate, como os títulos do Tesouro Direto que acompanham a inflação.
“Achamos que os cortes de juros serão retomados somente quando os Estados Unidos diminuírem os juros, em novembro. Com os juros mais altos por mais tempo, a renda fixa continuará atrativa”, afirma Arley Junior, estrategista de investimentos do Santander. “Nas últimas semanas, aumentou a atratividade especialmente dos papéis que acompanham a inflação. As turbulências relacionadas ao fiscal levaram as taxas a um patamar acima da média histórica, que não pode ser desprezado”, diz.
As taxas desses títulos dispararam para a casa dos 6,50% mais IPCA ao ano com a crescente desconfiança do mercado de que o governo está gastando mais do que deveria. Mais gastos alimentam as expectativas para a inflação, ainda mais em meio a uma atividade econômica forte e a um mercado de trabalho resiliente, e isso leva a uma subida das taxas.
Além dos altos juros, os benefícios de comprar esses papéis são estar protegido contra a inflação e estar em uma aplicação financeira mais segura por ser do governo. Como os preços desses títulos oscilam muito conforme as expectativas do mercado, os investidores que não desejam correr o risco de perder dinheiro precisam resgatar somente no vencimento.
Marcelo Mello, diretor executivo da SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos, aconselha escolher neste momento os prazos de vencimentos mais curtos. “O aumento do juro real para em torno de 6,50% ao ano mais a proteção inflacionária para caso o governo não consiga entregar o resultado fiscal esperado são bastante interessantes, mas os papéis mais longos tendem a trazer uma volatilidade maior para o investidor. Aconselho comprar os papéis com prazos de vencimento mais curtos, porque a incerteza subiu.”
Os papéis prefixados no Tesouro Direto também estão pagando juros altos, na casa de 12% ao ano. Contudo, os especialistas gostam mais dos papéis que acompanham a inflação, porque o risco de os prefixados renderam menos que a inflação existe. Em prefixados, melhor optar por vencimentos curtos.
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Fonte: Valor Econômico

