Estudo exclusivo com 10,3 mil funcionários de 220 empresas no Brasil reforça a necessidade de adaptar os programas de bem-estar às demandas das equipes
Os profissionais no Brasil estão enfrentando episódios frequentes de ansiedade por conta da pressão no ambiente de trabalho: 41% se sentem ansiosos na maior parte dos dias. Quando agrupados ansiedade, angústia ou “sem vontade de fazer nada”, a parcela é ainda maior: 65%.
É o que indica o estudo “Check-up de bem-estar 2024”, que analisou dados de 10.300 empregados de 220 companhias de grande porte, de diversos segmentos. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, foi realizado durante o primeiro semestre de 2024. Do total de entrevistados, a maioria (58%) tem de 28 a 43 anos, 51% são homens e 19% ocupam cargos de gerência ou superior.
“A ansiedade pode levar a situações mais graves, como depressão, transtornos de pânico e fobias”, diz Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, empresa de bem-estar corporativo que realizou a pesquisa. “Além disso, tem impactos na saúde e no desempenho do colaborador.”
Os dados apontam que 17% dos profissionais se sentem ansiosos e também angustiados, acrescenta. “Entre as mulheres, esse índice chega a 20% e entre os homens alcança 12%”, compara.
Segundo González, a disparidade observada entre as taxas por gênero é significativa. “As razões são variadas”, pondera. Mas, entre os destaques, há uma dupla jornada entre carreira e cuidados com a família, principalmente entre as profissionais das gerações X [nascidas entre 1965 e 1981] e millennials [1981-1995], que se dividem, muitas vezes, entre a maternidade e o cuidado com os pais, detalha. “Esse acúmulo de responsabilidades dificulta que todos tenham as mesmas oportunidades para cuidar do bem-estar.”
O cenário fica mais evidente quando a pesquisa agrega as percepções de “sentimentos negativos” nos dois grupos. Do total de pesquisados, 65% se dizem ansiosos, angustiados ou “sem vontade de fazer nada”, na maior parte dos dias. Entre as mulheres, essa fatia sobe para 73% e os homens marcam 52%.
Para o CEO da Vidalink, os índices apontam a importância das chefias de prestarem mais atenção à saúde mental das equipes, mas com uma abordagem sensível às possíveis diferenças entre gêneros. “Os números díspares entre homens e mulheres reforçam a necessidade de adaptar os programas de bem-estar às realidades de cada grupo”, orienta.
Outra recomendação, acrescenta o executivo, é preparar os líderes para que saibam identificar e lidar com os sinais de problemas de saúde mental nas equipes. “Capacitar os gestores ajuda a garantir que os benefícios atendam demandas reais”, argumenta. “Além disso, fornecer vantagens como acesso à terapia, subsídios de medicamentos e trabalho flexível é fundamental”, completa. Mais recente Próxima Cresce a cobrança para que CEOs sejam influenciadores
Fonte: Valor Econômico