Pesquisa exclusiva analisa dados de 8,9 mil funcionários de 217 empresas no Brasil
Por Jacilio Saraiva, Para o Valor
10/10/2023 06h01 Atualizado há 8 horas
A maioria ou 63,1% dos profissionais sentem ansiedade ou angústia na maior parte dos dias, quase 30% não fazem nada para cuidar da saúde mental e metade (50%) não pratica exercícios físicos durante a semana. Essas são algumas das principais conclusões da pesquisa “Check-up de bem-estar nas empresas do Brasil 2023”, obtida com exclusividade pelo Valor.
Realizado pela Vidalink, de planos de benefícios corporativos, o levantamento coletou dados de 8.900 funcionários de 217 companhias de diversos segmentos, sendo 40% delas com mil a cinco mil empregados. Do total de entrevistados, que responderam questionários on-line entre janeiro e junho de 2023, 17% ocupam cargos de gerência ou superior.
Na opinião de Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, os números sobre a falta de atenção com a saúde mental estão entre os que mais chamam a atenção nos resultados obtidos.
“Apesar de muitas pessoas conhecerem os dados alarmantes da participação do Brasil no ranking global de saúde mental [o país aparece com o terceiro pior índice em uma lista de 64 países no relatório anual ‘Estado mental do mundo’, divulgado em março pela organização de pesquisa Sapien Labs], 29% dos pesquisados não fazem nada para cuidar da questão”, diz.
Entre os funcionários que se preocupam com o equilíbrio emocional, 33% praticam exercícios físicos, 14,9% tomam medicamentos reguladores, 13,2% fazem terapia e 9,6% adotam a meditação ou alguma atividade criativa. Apenas 5% do público analisado sentem-se “felizes e realizados na maior parte do dia”.
Cama e comida
Outros dois pontos importantes para ter uma rotina saudável são a alimentação e o sono, lembra González.
De acordo com o estudo, 60% dos profissionais não seguem nenhum regime alimentar especial. “A Organização Mundial da Saúde [OMS] recomenda uma dieta equilibrada como forma de prevenir a má nutrição e doenças não contagiosas, como diabetes, câncer e cardiopatias”, destaca o executivo.
Entre os entrevistados que mantêm alguma disciplina à mesa, a maioria come pouco ou nenhum açúcar (20,5%), não ingerem lactose (5,6%) ou fazem jejum intermitente (4,4%).
Sobre a hora do descanso, 43% do público definem a qualidade do sono como média, antes de alta (24,3%), quantidade inferior à parcela dos que dizem que dormem mal (25%). “No longo prazo, a má qualidade do sono pode ter efeitos na saúde geral”, lembra.
Lição de casa
Diante dos resultados da pesquisa, a recomendação de Luis González para chefias que estruturam ações de cuidado – como oferta de academia, terapias, aulas de mindfulness ou programas de nutrição – é combinar as necessidades individuais com o estímulo ao uso das facilidades.
“É essencial lembrar que nem todos os funcionários têm um mesmo ‘ponto de partida’ nesse tema’”, explica. “A verdadeira jornada de cuidado começa quando reconhecemos as diferenças [do quadro] e nos comprometemos a apoiá-las.” A pesquisa indica que 40% dos homens estão satisfeitos com a saúde, enquanto, entre as mulheres, esse indicador cai para 25%.
Na visão do CEO, oferecer benefícios é só o primeiro passo nas trilhas de apoio corporativo. “É fundamental garantir que todos os colaboradores tenham a oportunidade de usá-los plenamente, pois isso não apenas otimiza o retorno sobre o investimento em bem-estar, como também impulsiona a satisfação e a produtividade das equipes.”
González lembra que quando uma corporação investe em uma agenda de bem-estar, essas diretrizes devem estar integradas com outras iniciativas, que promovam um ambiente de trabalho positivo. “O que inclui o desenvolvimento de lideranças mais conscientes e o estímulo à construção de relacionamentos saudáveis”, afirma.
Fonte: Valor Econômico