O presidente francês, Emmanuel Macron, está em busca de seu quinto primeiro-ministro em menos de dois anos, após partidos de oposição se unirem para derrubar o primeiro-ministro de centro-direita François Bayrou devido aos seus planos impopulares de austeridade orçamentária.
Bayrou sofreu uma derrota por 364 votos contra 194 em uma votação de confiança no parlamento na segunda-feira, e entregará oficialmente sua renúncia a Macron nesta terça-feira.
Quem quer que Macron escolha para sucedê-lo enfrentará a tarefa quase impossível de unir o parlamento e encontrar formas de aprovar o orçamento para o próximo ano.
O nome do ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, está entre os que circulam como possíveis sucessores, com outras opções sendo alguém da centro-esquerda ou um tecnocrata.
Não há regras que determinem quem Macron deve escolher ou com que rapidez. Macron, de 47 anos e no cargo desde 2017, nomeará seu novo primeiro-ministro nos próximos dias, informou seu gabinete na segunda-feira.
Os socialistas estão entre os que afirmam que chegou a vez deles governarem. “Gostaria que fosse a esquerda, os verdes. Precisamos reivindicar o poder”, disse o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, à rádio France Inter.
Enquanto isso, o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional repetiu seu apelo por eleições parlamentares ou presidenciais antecipadas – ambas descartadas por Macron até agora. A decisão do presidente no ano passado de convocar eleições parlamentares antecipadas resultou apenas em um parlamento ainda mais fragmentado.
A reação do mercado foi relativamente contida nas primeiras negociações desta terça-feira, com a saída de Bayrou já amplamente precificada. O próximo teste será a decisão da Fitch sobre a classificação de crédito soberano da França na sexta-feira.
O país também se prepara para os protestos antigovernamentais “Vamos Bloquear Tudo” na quarta-feira, que têm ganhado força nas redes sociais. A falta de liderança centralizada entre os manifestantes torna difícil avaliar o tamanho ou o impacto dessas manifestações.
“Agora que a troca de primeiro-ministro está decidida, é preciso se livrar do que está acima… essa é uma mensagem para Macron”, disse Alain Petit, manifestante de 61 anos, durante uma “despedida” organizada para Bayrou em Clermont-Ferrand, no centro da França, na noite de segunda-feira.
Outras “despedidas” semelhantes para Bayrou foram organizadas em frente às prefeituras por todo o país, com participantes dizendo que estavam se preparando para os protestos de quarta-feira.
Sindicatos anunciaram um dia de greves e manifestações para 18 de setembro.
Fonte: Valor Econômico

