Filial brasileira tem receita anual de R$ 230 milhões e meta de chegar a R$ 600 milhões em até quatro anos
Por Stella Fontes — De São Paulo
29/11/2022 05h01 Atualizado
A farmacêutica indiana Lupin, dona da mineira MedQuímica, quer mais que dobrar de tamanho no Brasil, em vendas em dólares, nos próximos quatro anos. Para tanto, vai perseguir a aquisição de medicamentos maduros que não estão mais no centro da estratégia dos grandes laboratórios e acelerar o lançamento local de medicamentos genéricos que já comercializa em outros mercados.
Com receita anual de R$ 230 milhões e meta de chegar a R$ 600 milhões em até quatro anos, a filial brasileira acertou a compra de todos os direitos no país de nove medicamentos da Bausch Health, um dos maiores fornecedores mundiais de produtos para a saúde dos olhos. Somente com essa aquisição, haverá incremento imediato de 10% nas vendas em valor.
“Essa aquisição permite trazer marcas de renome tradicional e vendas novas, além de marcar nossa entrada no mercado de prescrição médica. A proposta partiu da filial brasileira e a matriz comprou a ideia, um sinal positivo de que o grupo acredita na operação local”, diz o presidente da filial do Brasil, Alexandre França.
O contrato de compra e venda, cujo valor não é revelado, foi celebrado com a BL Indústria Ótica, subsidiária da Bausch Health Companies e abrange medicamentos para o sistema nervoso central (Limbitrol, Melleril e Dalmadorm), tratamentos oncológicos tópicos (Bacrocin, Glyquin, Solaquin, Oxipelle e Efurix) e um tratamento para a doença de Wilson (Cuprimine).
França, que antes de chegar à Lupin estava à frente da operação brasileira da Aspen Pharma, foi contratado justamente para tornar a filial brasileira mais relevante no mercado farmacêutico na América Latina e ampliar sua contribuição para os negócios do grupo. Hoje, a operação local representa menos de 2% do faturamento do grupo.
“O foco é ter uma operação que contribua financeiramente e seja efetivamente lucrativa. Para isso, o caminho é choque de gestão e também a aquisição de produtos maduros, que já têm a confiança de médicos e pacientes”, afirma.
Com sede em Mumbai, a Lupin está presente em diferentes países e é a oitava maior empresa de medicamentos genéricos do mundo – nos Estados Unidos, é a quinta nesse ranking. No Brasil, chegou em 2015 com a compra da MedQuímica e opera uma unidade fabril em Juiz de Fora (MG). Por mês, a fábrica produz 7,5 milhões de frascos de medicamentos líquidos e 250 milhões de comprimidos.
Com um portfólio local composto por genéricos e medicamentos isentos de prescrição, a Lupin quer se tornar relevante no mercado farmacêutico brasileiro e para atingir essa meta, era preciso estar no mercado de prescrição, diz França. Inicialmente, a produção dos medicamentos recém-adquiridos seguirá na fábrica da Cellera Farma em Indaiatuba (SP). O plano, porém, é transferir a produção para Juiz de Fora após cumprir as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conforme França, a estratégia é continuar buscando novas oportunidades de aquisição de marcas e medicamentos maduros, tanto de multinacionais quanto de farmacêuticas brasileiras, sem abandonar o desenvolvimento de produtos dentro de casa. “O que não passa pela nossa cabeça é entrar em não medicamento, como cosméticos”, conta.
Além disso, a filial brasileira quer acelerar a oferta de genéricos no mercado local. De acordo com França, o plano é trazer de 15 a 20 produtos da Lupin por ano a partir de 2024. “É um plano robusto e ousado, mas possível”, garante.
Fonte: Valor Econõmico