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Os grandes bancos de capital aberto devem voltar a registrar crescimento do lucro no segundo trimestre na análise consolidada, mas com tendências mistas entre as instituições e segmentos quando o assunto é qualidade dos ativos. A carteira de crédito tende a acelerar, aproximando mais as instituições dos patamares projetados nos “guidances” para o ano. O comportamento da inadimplência e das provisões para devedores duvidosos (PDD) varia entre os bancos e mostra pontos de atenção.
Levantamento do Valor feito com sete casas mostra que Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander devem ter um lucro combinado de R$ 26,78 bilhões no segundo trimestre, com alta de 1,8% sobre o trimestre anterior e de 10% na comparação com o segundo trimestre de 2023. A temporada de balanços começa na quarta-feira (24), com a divulgação dos resultados do Santander.
Os analistas do J.P. Morgan destacam que o crédito vem acelerando gradualmente mês a mês, o que levou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a elevar para 10% sua previsão de expansão do indicador em 2024, de 9,3% anteriormente. Após alguns meses de melhora, os índices de inadimplência parecem ter estagnado e, nas pequenas e médias empresas (PMEs), continuam a aumentar. Para os analistas da XP, deve haver melhora da margem financeira, o que mais do que compensará o aumento esperado em provisões.
O Itaú deve seguir com as tendências mais positivas. Para a XP, o Santander também tende a apresentar ganhos de eficiência, enquanto Bradesco e BB devem registrar um leve aumento da inadimplência, “o que exigirá mais detalhes sobre a trajetória dessas curvas para o restante do ano”. Já o Goldman Sachs afirma esperar que as melhores tendências de rentabilidade continuem a ser registradas no Itaú e no BB, enquanto Bradesco e Santander “ainda ficam para trás”.
As previsões apontam que o Itaú deve registrar um lucro de R$ 9,99 bilhões no período de abril a junho, o que representaria um aumento trimestral de 2,2% e anual de 14,3%. Os analistas do Santander CIB afirmam que o maior banco do país em volume de ativos deve registrar mais um semestre saudável, devido a uma melhor perspectiva de crescimento das receitas, qualidade dos ativos e despesas operacionais controladas, além de provisões estáveis.
No caso do Itaú, um ponto a ser observado é o ritmo de crescimento da oferta de crédito, que ficou abaixo do projetado para o ano no primeiro trimestre. O Santander CIB espera crescimento anual de 3,9% da carteira no segundo trimestre, ante um “guidance” para 2024 que vai de 6,5% a 9,5%. Os analistas do Goldman Sachs esperam um crescimento dos empréstimos ainda fraco, mas dizem acreditar que o banco irá convergir para o patamar projetado até o final do ano.
O Banco do Brasil deverá lucrar cerca de R$ 9,17 bilhões, de acordo com as projeções. Isso representaria uma queda de 1,4% em relação aos primeiros três meses do ano e uma alta de 4,4% na comparação com o segundo trimestre de 2023. Para o J.P. Morgan, alguns pontos a serem observados no balanço são a contribuição do Banco Patagonia, subsidiária do BB na Argentina, sobre a margem financeira e a inadimplência comercial e do agronegócio em alta, o que, na visão dos analistas, pode impactar, por exemplo, as provisões. No final de março, o indicador de atrasos da carteira agro do BB estava em 1,19%, de 0,96% em dezembro e 0,59% um ano antes.
“O Banco do Brasil pode continuar se beneficiando do Banco Patagonia, com a margem financeira acima da faixa do ‘guidance’, embora parcialmente compensada por provisões”, diz o Goldman Sachs. A XP afirma que as provisões devem seguir sob pressão, apesar de uma taxa de inadimplência praticamente estável. “Se o banco não conseguir reduzir efetivamente o nível de provisões, existe a possibilidade de uma revisão para cima da orientação”, afirma.
Já para o Bradesco, as previsões indicam um lucro de R$ 4,38 bilhões no período, o que significaria uma alta de 4% no trimestre e uma queda de 3,1% em 12 meses. O banco, que está em meio à implementação do plano estratégico de reestruturação de Marcelo Noronha, deve ter uma “melhoria muito gradual da rentabilidade” na visão do Goldman Sachs. A instituição observa que a melhora na margem deve ser modesta, frente a uma base de comparação baixa, e o crescimento dos empréstimos tende a permanecer abaixo do “guidance” para o ano (avanço de 7% a 11%). A área de seguros, por sua vez, deverá ser novamente um destaque positivo.
O Santander CIB afirma que o crescimento do crédito no Bradesco deve acelerar no segundo trimestre, mas que deve haver também aumento na provisão para devedores duvidosos. A inadimplência tende a melhorar, apesar das dificuldades esperadas no segmento de PMEs, acrescentam os analistas.
Por fim, o Santander deverá registrar um lucro de cerca de R$ 3,24 bilhões, avanço de 7,3% no trimestre e de 40,3% na comparação anual. A Genial diz que, após um desempenho superior às expectativas nos primeiros três meses do ano, o banco deve continuar a mostrar sinais de recuperação da rentabilidade no segundo trimestre. “No entanto, acreditamos que essa recuperação ocorrerá de forma mais gradual, sem grandes surpresas”, diz.
A Genial acrescenta que a carteira de crédito do Santander tende a apresentar uma leve aceleração, com a retomada em linhas mais agressivas, como PMEs, mas que os spreads devem continuar mais pressionados – assim, a tendência é que a margem com clientes apresente pouca evolução em relação ao trimestre anterior. Os analistas esperam uma provisão para devedores duvidosos controlada, com inadimplência estável.
Fonte: Valor Econômico

