Por Agências internacionais — São Paulo
13/03/2024 17h08 Atualizado há 13 horas
O principal líder de extrema direita da Holanda, Geert Wilders, anunciou nesta quarta-feira (13) ter desistido da pretensão de se tornar primeiro-ministro do país.
Ele disse que sua desistência se deve ao esforço para que seu Partido da Liberdade chegue a um acordo com outros três partidos de direita para formar uma coalizão estável. O partido de Wilders obteve o maior número de assentos — 37 — das 150 cadeiras do Parlamento.
“Só poderia me tornar primeiro-ministro se todos os partidos da coalizão apoiassem. Esse não foi o caso. Eu gostaria de estar à frente de um gabinete de direita. Com menos asilo e menos imigração. Que tratasse o holandês como número um”, postou no X (ex-Twitter) o ativista anti-Islã. “O amor pelo meu país e pelo meu eleitor é grande e mais importante do que a minha própria posição.”
Embora Wilders tenha sido considerado a melhor opção para quase um quarto da população da Holanda, muitos empresários locais consideram que suas políticas não são boas para os negócios.
A ameaça da ASML, a maior empresa da Holanda, de abandonar o país se não conseguir crescer lá, pôs a nu as preocupações generalizadas das empresas com a deterioração do ambiente de negócios.
Embora depois disso o CEO da fabricante de equipamentos para semicondutores tenha descartado uma saída completa da Holanda, uma análise da Reuters sobre as empresas holandesas de primeira linha mostrou que a ASML não é a única a estudar outras opções.
A ascensão dos partidos populistas nas eleições de novembro levou as empresas a se pronunciarem contra políticas que desencorajam a imigração e as obrigariam, e a seus investidores, a arcarem com mais impostos, informa a Reuters.
As políticas xenófobas podem agradar aos eleitores, mas a ASML e outras empresas de tecnologia que dependem de funcionários estrangeiros argumentam que elas comprometem a prosperidade do país. Com a ascensão de partidos de extrema direita em outros países europeus, preocupações semelhantes têm aparecido na Alemanha, onde altos executivos de empresas que vão da Infineon à Volkswagen já fizeram alertas sobre a ameaça do extremismo de direita para a economia do país.
As empresas holandesas de primeira linha também reclamam que os planos para tributar as recompras de ações, limitar as deduções de investimentos e desmantelar fundos de inovação são impostas sem levar em conta suas consequências, em especial no momento em que outros países tentam atrair investimentos estrangeiros.
“Muitas empresas com ações negociadas em bolsa analisam a possibilidade de mudar sua sede para outro país”, disse Ingrid Thijssen, chefe da maior associação representativa do setor industrial do país, a VNO-NCW. “Você precisaria dos dedos das duas mãos para contá-las.”
Isto combina com um estudo realizado em janeiro pela SEO Economic Research, por encomenda do Ministério das Finanças, que concluiu que um terço das multinacionais holandesas considerariam a hipótese de transferir suas operações para o exterior nos próximos dois anos.
O governo lançou uma campanha em todos os níveis, batizada de “Projeto Beethoven”, para convencer a ASML a ficar no país, o que inclui a busca de maneiras de “desfazer o dano” provocado pela extinção de uma isenção fiscal para trabalhadores migrantes qualificados.
“Se quisermos manter as empresas no nosso pequeno país, precisaremos nos empenhar mais a fundo de verdade”, disse o ministro da Economia, Micky Adriaansens.
Enquanto Wilders negociava um governo com outros partidos que se opõem à imigração, o Parlamento adotou uma moção para limitar o número de estudantes estrangeiros que têm autorização para fazer cursos em universidades holandesas, assim como para acabar com a isenção fiscal para migrantes qualificados — que são dois canais importantes para a mão de obra qualificada.
“Se as pessoas sentem que não são bem-vindas, a Holanda não será o primeiro país que procurarão”, disse Schreurs, da empresa de semicondutores NXP. Ele ressalvou que a reputação do país ainda é boa, de modo geral. “Acho que precisamos ter cuidado para não jogar fora tudo o que construímos.”
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Fonte: Valor Econômico

