Executiva se tornou o principal rosto da indústria farmacêutica, falando para quase 2 milhões de pessoas nas redes sociais, e lança livro neste mês. Obra virá com edição inédita do Carmed, produto que virou febre no ano passado
PorPaulo Gratão
“Oi, Tchurma” se tornou o bordão de Karla Marques Felmanas, empreendedora, executiva e mãe de três, nas redes sociais. Aos 49 anos, ela hoje fala para quase 1,9 milhão de pessoas no Instagram e no TikTok sobre seu dia a dia como sócia e vice-presidente da farmacêutica Cimed, suas viagens e um pouco da sua rotina pessoal. Foi justamente uma de suas postagens que colaborou para o “buzz” em torno dos produtos lançados pela Carmed, uma das marcas da companhia, em parceria com a Fini, no ano passado. Agora, ela amplia os debates surgidos nas plataformas digitais por meio de um livro, que leva o nome da frase que se tornou sua marca.Veja Mais
A obra, chamada “Oi, Tchurma”, chega às livrarias no próximo dia 28 de fevereiro [o lançamento será na Livraria Travessa do Shopping Iguatemi, em São Paulo] e tem o objetivo de se aprofundar em 12 temas que Felmanas aborda em suas redes sociais, como maternidade, vida profissional, liderança, relações familiares, fé, sexo, amizade, entre outros.
“As pessoas que me conhecem têm lido e se surpreendido. Nas redes sociais só dá para falar por 30 segundos e aqui eu consegui me aprofundar, por exemplo, no que é ser mãe e construir uma carreira. Hoje eu percebo que não teria sido tão realizada se não tivesse formado uma família, por exemplo”, diz. Felmanas é casada há 26 anos e é mãe de Juliana, Pedro e Eduardo.
A empreendedora está há mais de 30 anos na empresa da família, que foi fundada em 1977 por seu pai, João de Castro Marques (falecido em 2022). Ela chegou a fundar uma confecção na adolescência, quando ainda achava que seguiria no mercado da moda, mas o sangue falou mais alto, e ela acabou indo ajudar na companhia, na área de produção. Passou por diversos departamentos da empresa até alçar o cargo que exerce hoje. Desde o falecimento do pai, ela e o irmão João Adibe (atual CEO) tomam as decisões do negócio.
Felmanas mantinha as redes sociais trancadas para o público até 2021, mas resolveu tirar o cadeado após o conselho de uma amiga de infância, e acabou se tornando a principal porta-voz de sua própria marca. Isso trouxe ganhos, mas também aprendizados. Um dos mais importantes é o cuidado com o que é compartilhado e com a própria saúde mental. No livro, ela chega a dizer que a disciplina é uma “ferramenta aliada” para manter o corpo e mentes sãos.
O livro foi escrito no período de um ano, em depoimento concedido ao escritor Udo Simons, e conta com direção de arte de Giovanni Bianco, que já assinou trabalhos de Madonna e Anitta.
Em entrevista a PEGN, Felmanas contou sobre o processo de desenvolvimento da obra e sobre os desafios de conciliar a carreira executiva com a maternidade e a influência digital. Confira os principais trechos:
Tem algo no livro que você acredite que possa inspirar as mulheres empreendedoras que te seguem?
Como é um pouco do que eu vivi nesses quase 50 anos [ela completa 50 no próximo mês de julho], cada uma vai se identificar com alguma passagem, a partir de sua própria vivência. Eu falo um pouco sobre como foi o impacto da morte do meu pai na minha vida, ou sobre o câncer da minha mãe, e quem passou por isso pode se identificar. Outro ponto que eu abordo, e que muitas mulheres vivem, é a dúvida de voltar ao mercado de trabalho após se tornar mãe. Também falo sobre como faço para me manter saudável física e mentalmente, mesmo com a rotina. No fim, não é uma vida diferente [da de outras mulheres], é simples e comum, mas que gera identificação.
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Durante o período em que você escrevia o livro, a Cimed viveu um momento histórico, que foi o lançamento do Carmed Fini. A mudança que isso trouxe para as suas redes e sua vida estará no livro?
Não tinha como não trazer, o Carmed impulsionou a mim, enquanto pessoa física, e a Cimed. A Juliana, minha filha, teve a ideia de fazer essa collab junto com a Fini e eu participei integralmente do desenvolvimento e de como iriamos comunicar o produto [o lançamento viralizou em junho do ano passado, vendendo R$ 40 milhões em menos de vinte dias]. Hoje, por conta disso, meu público é extremamente infantil, principalmente no TikTok. Eu me tornei a pessoa que traria pílulas do próximo lançamento. Elas sabem que às terças vou para a fábrica e ficam esperando que eu mostre algo do Carmed.
Você precisou adaptar seu conteúdo por causa desse novo público?
Eu mostro meu dia a dia na Cimed, o conteúdo não é voltado para esse público. Mas no TikTok acabamos fazendo uma versão mais ligada nas trends, em algo mais direcionado. Inclusive, tem muita gente achando que o livro que é para meu público infantil, mas é para o adulto. Não tem nada que uma criança não poderia ler, mas é para adulto. No entanto, vem com um complemento, que é um Carmed exclusivo, chamando “Oi, Tchurma”, que não estará à venda, e só virá com o livro. Será a grande surpresa do lançamento. A expectativa é que as crianças queiram pelo Carmed, e a mãe conheça o livro.
O livro fala sobre cuidado com a sua saúde mental em diversos aspectos. Como você cuida para que as redes sociais não sejam um agravante nessa questão?
É um exercício diário. Temos a mania de achar que a grama do vizinho sempre é mais verde, então não podemos entrar em comparações. Quem quer se jogar nessa jornada precisa estar muito bem consigo mesmo, pois sempre tem os dois lados: quem gosta e quem não gosta. Para mim sempre foi uma estratégia atrelada à Cimed. Eu sempre falo da marca ou para divulgar os nossos produtos. O grande fomentador das nossas redes é a Cimed, tem pouco a ver com a gente mesmo. E acabou se tornando parte do que eu faço. Como eu sou uma pessoa organizada, eu consigo encaixar nas agendas o que precisa ser feito, em cima do que vai acontecer no dia.
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Qual você acha que é o atrativo para quem te segue hoje?
É tudo de verdade, tudo real. Eu não posto uma foto com uma roupa chique e meia hora depois faço conteúdo com outra mais simples. O que eu faço é muito novo no mercado, as pessoas geralmente contratam influenciadores, mas aqui nós mesmos somos divulgadores. O poder que o celular tem é enorme, é só abrir a câmera e começar a gravar. Vai agradar a todos? Não. Mas temos agradado boa parte de quem está com a gente aqui.
Como você conseguiu delimitar até que ponto da sua vida pessoal entraria nessa comunicação nas redes?
É uma linha muito tênue. Como é tudo de verdade, eu não poderia só mostrar a Carla executiva. As pessoas querem ver um pouco da minha casa, da minha viagem. Pela minha posição, hoje eu consigo frequentar lugares que a maior parte da população não consegue, então, eu acabo mostrando como é um café da manhã em um hotel cinco estrelas, não por ostentação, mas para sanar a curiosidade mesmo. A turma espera que eu mostre o quarto em que eu estou. Eu posso ficar em um quarto cinco estrelas, que é maior do que um apartamento, ou em um super pequeno: eu mostro e as pessoas acham legal. Dizem que “viajam comigo”.
Hoje as pessoas estão acostumadas ao que é efêmero, principalmente por conta das redes sociais. Você tem medo de que o livro possa eternizar algo que você repensou e deixe de acreditar no futuro?
Para mim foi tão intenso escrever esse livro, quase uma terapia, tão profundo ter refletido sobre o convívio com minha mãe, meu pai, meus irmãos. Durante o período [da escrita], eu mudava minha forma de pensar sobre determinadas coisas, e acho que isso vai acontecer. Algumas eu até decidi nem colocar, depois de vê-las escritas eu pedi para tirar. E eu falo isso no final: não necessariamente o que eu falo ali é uma verdade absoluta, e amanhã eu posso pensar completamente diferente.
Fonte: Revista PEGN
