Por Larissa Garcia e Alex Ribeiro — De Brasília e São Paulo
27/09/2022 05h01 Atualizado há 5 horas
Os investimentos diretos no país permaneceram em trajetória de crescimento e somaram US$ 7,72 bilhões em julho, o maior volume para o mês desde 2014, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Em 12 meses, empresas aportaram US$ 65,6 bilhões em suas filiais brasileiras, ou 3,73% do Produto Interno Bruto (PIB), melhor resultado desde março de 2020.
Os investimentos diretos são feitos por empresas estrangeiras em suas filiais no Brasil por meio de participação no capital, em que a matriz investe diretamente em sua filial, ou por empréstimos. “Esses resultados mais positivos são relativos à melhora da atividade e à eliminação de restrições que ainda existiam da pandemia, além das perspectivas da economia como um todo”, afirmou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha.
De janeiro a julho, entraram US$ 52,63 bilhões nesse tipo de aplicação, patamar próximo à estimativa do BC para 2022, de US$ 55 bilhões, divulgada no Relatório Trimestral de Inflação de junho. O número deve ser revisado para cima nesta quinta-feira, quando será divulgado o documento de setembro.
O técnico da autoridade monetária destacou que os investimentos diretos totalizaram US$ 46,4 bilhões em 2021 e cresceram US$ 19,2 bilhões no acumulado de 12 meses até julho deste ano. “Dados mensais mostram ingressos significativos de investimento direto, bastante superior ao déficit em transações correntes”, ressaltou.
No mês, o país registrou déficit em conta corrente de US$ 4,14 bilhões, aumento de quase US$ 3 bilhões em relação a julho do ano passado. “Nesse caso, o que explica esse resultado está bem distribuído em todas as contas [do setor externo], houve redução do superávit comercial e aumento do déficit de serviços e renda”, disse Rocha.
Em 12 meses, o déficit em transações correntes somou US$ 36,6 bilhões, ou 2,08% do PIB, US$ 3 bilhões a mais que o acumulado até junho. Ele ponderou, contudo, que mesmo com a elevação, o resultado negativo ainda é baixo em comparação aos padrões históricos. “Houve aumento da demanda por bens e serviços importados e isso decorre do próprio crescimento da economia acima do esperado”, pontuou.
Rocha afirmou que o superávit comercial caiu US$ 2,1 bilhões, para US$ 4,2 bilhões, em relação a julho de 2021. “Isso aconteceu porque a taxa de crescimento das importações superou a taxa de crescimento das exportações”, explicou.
Os investimentos em carteira – que englobam renda fixa e ações – negociados no país registraram saída líquida de US$ 60 milhões em julho, resultado de retirada de US$ 816 milhões em ações e fundos de investimento e entrada de US$ 755 milhões em títulos de dívida. Em 12 meses, o resultado foi negativo em US$ 269 milhões.
Diferentemente dos investimentos diretos, os papéis negociados em bolsa de valores são mais voláteis e, consequentemente, mais sensíveis a crises e ruídos.
Os gastos de brasileiros no exterior também mantiveram tendência de alta, com US$ 1,05 bilhão em julho, contra US$ 452 milhões no mesmo mês do ano passado. Já os turistas estrangeiros deixaram US$ 386 milhões no país, contra US$ 223 milhões um ano antes.
O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia e as viagens internacionais despencaram nos meses mais críticos da crise sanitária, diante de medidas de restrição de mobilidade, medo de contágio e elevação do dólar. Com a reabertura, os brasileiros voltaram a viajar, mas os gastos ainda estão abaixo do observado em 2019, por exemplo.
Fonte: Valor Econômico

