Uso de máquinas para processamento de exames e diagnósticos tem sido ampliado
Por Carmen Nery — De São Paulo
07/04/2022 05h03 Atualizado há 6 horas
Já há, no Brasil, 62 startups de saúde com soluções de inteligência artificial, identificadas entre as cerca de mil healthtechs mapeadas pelo hub de inovação Distrito em agosto de 2021. O estudo mostra como a IA está transformando a saúde e destaca sua capacidade de analisar uma quantidade ilimitada de dados dos pacientes. Isso fica claro na solução de uma das pioneiras no uso de IA, a startup criada em Curitiba, em 2016, por Jac Fressato, arquiteto de sistemas que havia perdido a filha Laura devido à sepse.
Ele desenvolveu o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos e fundou a healthtech Laura com Cristian Rocha, CEO, e com Hugo Morales, diretor médico. A tecnologia da Laura é utilizada em hospitais e operadoras de saúde, avaliando pacientes crônicos, e já conta com 60 contratos.
Cristian Rocha diz que, da prevenção inicial contra a sepse, a solução ampliou o escopo para a identificação de piora clínica em várias doenças. A solução monitora sinais vitais e dados de prontuários, exames e aparelhos para avaliar o grau de criticidade do paciente. Já realizou mais de 12 milhões de atendimentos e reduziu em 25% a taxa de mortalidade, ajudando a salvar cerca de 24 mil vidas. “A Laura antecipa, em até 12 horas, os pacientes que podem evoluir para piora clínica, como falência dos órgãos ou respiratória”, informa Rocha.
Já a Hilab criou, em 2016, uma plataforma de exames laboratoriais remotos usando IA para acelerar o diagnóstico médico. Funciona por meio de um dispositivo que utiliza cápsulas em que se coleta a amostra biológica. A cápsula é acoplada ao dispositivo, que digitaliza a reação química e envia a informação, pela internet, para a nuvem da Hilab, onde a IA analisa e envia para um profissional de saúde fazer a segunda checagem e enviar para o médico.
São mais de 40 exames em 1,4 mil cidades, e o crescimento deve-se à capacidade de levar os minilaboratórios para perto das pessoas em farmácias, laboratórios, consultórios, postos de saúde e hospitais, num modelo B2B2C. “A tecnologia poderia permitir o autoexame, mas, no Brasil, há questões regulatórias. E nossa proposta é de acesso à saúde e não oferecer solução gourmetizada”, distingue Marcus Figueredo, CEO da Hilab.
Fundada em 2018 por Anthony Eigier e pelo médico e programador André Castilla, a NeuralMed começou utilizando IA para detectar patologias em imagens de exames (raio X, tomografia) ajudando no diagnóstico. Eigier diz que a solução evoluiu para um grande motor de gestão de dado não estruturado – imagens, textos livres -, a fim de criar valor para o sistema de saúde. “Se o dado é o novo petróleo, somos uma refinaria de dados com 150 mil vidas monitoradas. Oferecemos: triagem de pronto-socorro automatizada, triagem de telerradiologia com priorização, identificação e gestão de pacientes crônicos e oncológicos, e identificação de pacientes para pesquisa clínica”, elenca Eigier.
Já a One Laudos oferece laudos a distância para clínicas, hospitais e laboratórios que realizam raio X, ressonância e tomografia. Essas empresas enviam as imagens para a healthtech, cuja equipe médica analisa e devolve os laudos. “Inauguramos uma nova central de laudos com tecnologia de IA para auxiliar no diagnóstico. A IA reduz erros, agiliza o processo e prioriza imagens dos quadros mais críticos”, diz Augusto Romão, CEO da One Laudos.
A TechBalance foi criada, em 2018, pela fisioterapeuta Fabiana Almeida como proposta de mestrado na USP de tecnologia antiqueda com avaliação física e motora. A IA entende os dados dos sensores e analisa a solução de predição de risco, a proposta de tratamento e o diagnóstico. “Iniciamos com um device e hoje usamos o smartphone para o teste físico, que avalia a propensão para lesões futuras. Já temos mais de 90 clientes B2B, como Unimed e Dasa, e mais de 11 mil vidas na plataforma”, diz Almeida, CEO da TechBalance.
A Starbem oferece atendimento médico on-line em 20 especialidades e também em nutrição, psicologia e enfermagem. Já conta com 12 clientes, como a Claro, que vai oferecer o serviço para os assinantes. A healthtech lançou, em seu aplicativo, a ferramenta de IA StarCheck, para check-up de saúde por meio da leitura, em 30 segundos, do rosto do paciente.
“A ferramenta avalia frequências cardíaca e respiratória, arritmia, pressão e índice de estresse mental. Usa imagem óptica transtérmica: a luz entra até os capilares da pele, e, quando reflete para a câmera do celular, a IA faz a leitura e dá os sinais vitais de forma gratuita para os usuários”, explica Dr. Leandro Rubio Faria, cardiologista CEO da Starbem.
Fonte: Valor Econômico