20 May 2022• ANTONIO TEMÓTEO e LORENNA RODRIGUES
O Ministério da Economia revisou para cima a projeção para a inflação oficial este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com a pasta, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 6,55% para 7,90%. Apesar disso, ontem o ministro Paulo Guedes afirmou que o Brasil já saiu do “inferno” da inflação, ao contrário de países desenvolvidos.
“Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já, já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, declarou Guedes em um evento.
Analistas do mercado financeiro preveem a inflação em 7,89% ao final deste ano. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5%. Para 2023, a estimativa subiu de 3,25% para 3,60%.
O Ministério da Economia também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para correção do salário mínimo. A estimativa para a alta este ano passou de 6,70% para 8,10%. Para 2023, a projeção é de 3,70%.
PIB. A pasta manteve a projeção de crescimento econômico para 2022 em 1,5%, como antecipou o Estadão/Broadcast. De acordo com o Boletim Macrofiscal, divulgado ontem, a estimativa de crescimento para os próximos anos (de 2023 a 2026) deverá ser de 2,50% anualmente.
Os dados servem de base para a elaboração do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que será divulgado hoje. O documento destaca que a melhora no desempenho do PIB brasileiro tem ocorrido pela retomada no setor de serviços e ampliação dos investimentos, o que se reflete na recuperação do mercado de trabalho. “Os riscos externos devem ser monitorados, sobretudo a guerra na Ucrânia e seus impactos nas cadeias globais de valor”, completou o relatório da Secretaria de Política Econômica (SPE).
O presidente Jair Bolsonaro indicou ontem à noite que pode fazer o bloqueio de R$ 10 bilhões em despesas para abrir espaço no teto de gastos para outros dispêndios, como subsídios agrícolas, sentenças judiciais e outras despesas obrigatórias. De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, o valor não inclui remanejamentos para conceder reajuste ao funcionalismo público. Há apenas R$ 1,7 bilhão já previstos no orçamento para esse fim.
Técnicos do Ministério da Economia defendem que um eventual reajuste para o funcionalismo deveria ser oficializado até a divulgação do relatório, para que houvesse “segurança jurídica” em alterar o Orçamento a tempo de conceder o benefício em ano eleitoral.
A avaliação de técnicos ouvidos pela reportagem é de que, qualquer que seja o formato do reajuste, será necessário enviar ao Congresso mudanças legislativas para abrir espaço no Orçamento para o aumento.
INPC O ministério também reviu para cima a expectativa do INPC, que foi de 6,70% para 8,10% este ano
A hipótese mais provável – já confirmada por Bolsonaro – é de conceder aumento linear de 5% para todo o funcionalismo, o que custaria um total de R$ 6,3 bilhões e demandaria um rearranjo nas despesas.
Por causa do ano eleitoral, o governo teria de aprovar os projetos de lei necessários até junho, quando fecha a folha de pagamentos do mês seguinte. O reajuste só pode ser concedido até julho porque, pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), um presidente não pode aumentar o gasto com pessoal nos últimos 180 dias do mandato.
Fonte: O Estado de S. Paulo
