Por Rafael Rosas — Do Rio
06/04/2023 05h01 Atualizado há 4 horas
O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) acumulado em 12 meses “ainda assusta”, uma vez que o indicador marca um patamar de cerca do dobro do IPCA (indicador de inflação), mas uma análise de prazo mais longo indica que o que acontece é uma reposição do setor em relação às perdas ocorridas desde 2020, quando a pandemia levou a uma desaceleração profunda do mercado, inclusive com queda nos valores nominais dos aluguéis.
A análise é do coordenador do IPC Brasil do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Paulo Picchetti, para quem a questão agora é ver se a economia do país tem força para que os aluguéis sigam recuperando as perdas da pandemia e até avancem.
“A questão é se essa alta é apenas uma recomposição ou se vai se perpetuar. Pessoalmente, não acredito [na perpetuação do avanço dos aluguéis]”, afirmou Picchetti.
O economista ressalta que o próprio IPCA desacelera em 12 meses e as condições de demanda sofrem com condições ainda fracas na atividade econômica, com reflexos no emprego e na massa salarial como um todo. “Não me parece que o acumulado em 12 meses do Ivar tem condições de seguir acelerando nos próximos meses”, diz Picchetii.
Em março, o Ivar desacelerou para 0,97%, contra 1,06% no mês anterior. Mas no acumulado em 12 meses, o índice passou de 8,73% em fevereiro para 8,90% no mês passado.
Entre as regiões pesquisadas, Porto Alegre acelerou sua taxa de -4,71% para -1,67%, e Picchetti explicou que a capital gaúcha teve uma forte alta em janeiro, agora compensada por dois recuos. Como a série do Ivar ainda é curta, ele diz que ainda é cedo para saber se os aluguéis na cidade seguem uma trajetória sazonal ou se houve alguma peculiaridade para a alta de janeiro.
Em todas as outras regiões houve desaceleração entre fevereiro e março: São Paulo (de 2,10% para 0,74%), Rio de Janeiro (de 3,11% para 2,50%) e Belo Horizonte (de 5,97% para 4,76%).
Picchetti destaca que em Rio e São Paulo, que são mercados mais maduros e estáveis, a “história” contada pelo Ivar neste ano é a mesma, com recuo na margem e alta no acumulado em 12 meses. “Essas cidades se apresentam de forma mais fiel ao que é o Brasil como um todo”, disse o economista.
Fonte: Valor Econômico