Ao longo do fim de semana, republicanos e democratas continuavam em um impasse a respeito da paralisação do governo dos Estados Unidos, que caminha para sua sexta semana em meio à possibilidade de atraso ou suspensão na ajuda alimentar para milhões de americanos e às pressões do presidente Donald Trump por mudanças nas regras do Senado que permitiriam pôr fim a esse congelamento da máquina pública.
No domingo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump falou com o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, e com o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, paralelamente às repetidas pressões públicas que fez pelo fim da regra que obstrui votações no Senado americano conhecida como “filibuster”. No entanto, os republicanos têm rejeitado enfaticamente esses pedidos de Trump desde seu primeiro mandato. Argumentam que a tática, baseada em uma regra segundo a qual são necessários pelo menos 60 votos para superar quaisquer objeções no Senado, é vital e que ela lhes permitiu impedir políticas democratas quando os republicanos eram minoria.
Os democratas já votaram 13 vezes contra a “reabertura” do governo, negando os votos necessários aos republicanos, que têm maioria de 53 a 47 no Senado. Eles insistem em ter negociações para estender os subsídios à saúde, que de outra forma devem ser encerrados no fim do ano. Por sua vez, os republicanos dizem que não negociarão até que a máquina pública volte a funcionar.
Com a continuidade do impasse entre os dois partidos, parece provável que a paralisação, que chega ao 34º dia nesta segunda, se torne a mais longa da história. O recorde anterior é de 2019, quando Trump exigiu do Congresso recursos para construir o muro na fronteira entre os EUA e o México.
A pressão de Trump pelo fim do “filibuster” pode se tornar uma distração para Thune e os senadores republicanos, que têm optado por manter o rumo atual enquanto as consequências da paralisação se agravam, como o acúmulo de pagamentos em atraso a controladores de tráfego aéreo e outros servidores públicos e as incertezas sobre o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (Snap, na sigla em inglês), que beneficia 42 milhões de pessoas.
Os republicanos esperam que ao menos alguns democratas acabem por dar-lhes os votos de que precisam, enquanto continuam a realizar repetidas votações sobre um projeto de lei para reabrir o governo. Até agora, os democratas têm se mantido unidos, mas alguns moderados têm conversado com as fileiras republicanas sobre possíveis concessões que garantiriam votações sobre a saúde em troca da reabertura do governo. Os republicanos precisam de mais cinco democratas para aprovar o projeto.
O senador democrata Tim Kaine disse no programa “This Week”, da rede de TV ABC, no domingo, que há um grupo de pessoas discutindo “um caminho para consertar a debacle da saúde” e uma concessão dos republicanos, a promessa de não demitir mais servidores federais. Ainda não está claro se essas conversas podem resultar em um acordo substancial.
Os democratas também estão atentos aos resultados das eleições para governador na Virgínia e em Nova Jersey, na terça-feira.
Trump passou boa parte da paralisação zombando dos democratas. Os democratas, por sua vez, repetidamente dizem que precisam do envolvimento de Trump nas negociações. O senador Mark Warner disse esperar que a paralisação possa acabar “nesta semana”, agora que Trump está de volta a Washington. Os republicanos “não podem mexer em nada sem o aval de Trump”, disse Warner no programa “Face the Nation”, da CBS.
O secretário de Transporte, Sean Duffy, disse no “This Week” que já há atrasos em vários aeroportos, pois os controladores de tráfego aéreo não estão sendo pagos, “e isso só vai piorar”.
O aeroporto de Newark, em Nova Jersey, teve atrasos de duas a três horas no domingo, com efeitos sobre os outros aeroportos da região de Nova York. O Escritório de Gestão de Emergência de Nova York postou que viajantes devem esperar atrasos, mudanças de voos e perdas de conexões.
Fonte: Valor Econômico