A sinalização dada pelo governo federal de que cortará R$ 25,9 bilhões em despesas no ano que vem é positiva, por evitar o aumento, por mais de um canal, “dos desafios atuais para o reequilíbrio da dívida pública”. A afirmação foi feita ontem pela Instituição Fiscal Independente (IFI) em seu Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de julho.
“O recente alívio nas cotações do real, em resposta à sinalização do governo sobre o compromisso com o arcabouço fiscal, é positivo para mitigar o aumento das expectativas de inflação”, diz o órgão de monitoramento da política fiscal ligado ao Senado. “Isso poderia reduzir a necessidade de um aperto monetário mais agressivo por parte do Banco Central, evitando um cenário de juros ainda mais restritivo para a atividade econômica.”
Assim, “a concretização de um cenário com juros mais altos amplificaria os desafios atuais para o reequilíbrio da dívida pública, especialmente em razão da perspectiva de aumento do déficit nominal, da redução dos investimentos e do crescimento econômico”.
Nos cálculos da IFI, se as expectativas de inflação convergirem para 3%, meta estabelecida pelo BC, a Selic em termos anuais poderia encerrar 2026 em 8%. Atualmente, o mercado projeta a Selic, sempre em termos anuais, em 9% no fim de 2026, segundo a edição mais recente do Boletim Focus.
Se as expectativas de inflação caminhassem para 4,5%, que é o limite superior da banda da meta, a Selic terminaria 2026 em 10,8%.
A Selic está em 10,5%. Já as expectativas de inflação do mercado estão em 3,9% para o ano que vem, também segundo o Focus.
A IFI também afirma que o governo federal precisará realizar esforço fiscal equivalente a 0,25% do PIB para o resultado primário ficar dentro do intervalo estabelecido para este ano. A quantia equivale a aproximadamente R$ 28 bilhões.
A IFI projeta que o governo federal terá déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, já incluindo gastos com as enchentes no Rio Grande do Sul. Como a meta de resultado primário para 2024 é de déficit zero, com intervalo de 0,25 ponto do PIB, será necessário ajuste de pelo menos 0,25 ponto do PIB.
Fonte: Valor Econômico

