Por Tom Hancock — Bloomberg
27/09/2023 05h03 Atualizado há 9 horas
A Inteligência Artificial (IA) estimulará o crescimento econômico nos EUA e outras economias avançadas, mais do que na China e nos países emergentes, contribuindo também para a disputa global entre Washington e Pequim.
Isso é o que aponta um estudo da Capital Economics que classifica os países segundo o potencial que terão de se beneficiar da IA. Os EUA lideram a lista, seguidos de Cingapura, Reino Unido e Suíça.
A China ocupa uma posição intermediária no grupo de 33 países, com sua forte capacidade de inovação e grandes investimentos em IA contrabalançados por uma postura reguladora rígida que poderá tornar mais lenta a disseminação da tecnologia de IA, diz o relatório.
“A IA deverá ajudar a economia dos EUA a manter sua primazia sobre a China em termos de PIB medido às taxas de câmbio de mercado”, escreveram os pesquisadores da Capital Economics que incluem Mark Williams, economista-chefe para a Ásia. “A revolução da IA é outra razão para pensar que as expectativas de que a economia da China vai superar a dos EUA terão de ser ainda mais refreadas.”
A China também terá de contornar as restrições dos EUA às exportações de microchips usados no processamento de IA. Isso significa que o “ecossistema de IA na China vai se desenvolver independentemente do ecossistema do Ocidente”, diz o relatório.
A rivalidade entre a China e os EUA pela liderança de mercado em IA poderá ter “repercussões positivas” para outros países, segundo os pesquisadores. “Se os dois lados pressionarem para que suas ferramentas de aprendizado de máquina sejam adotadas primeiro para tirar vantagem dos efeitos de rede, o resultado poderá ser uma difusão global mais rápida da tecnologia de ponta”, diz o estudo.
Mas o resultado mais provável é que o uso mais amplo da IA “amplificará uma mudança na trajetória global que está em curso há algum tempo: desaceleração da taxa para que os países emergente de renda média alcancem a renda dos países desenvolvidos em comparação à ‘era de ouro dos mercados emergentes’ nos anos 2000 e começo da década de 2010”, aponta o relatório.
Isso reflete uma conclusão de economistas do Standard Chartered, que destacaram em um estudo divulgado este ano o potencial da IA de ampliar a lacuna de desenvolvimento entre as economias avançadas e os mercados emergentes. Analistas do Goldman Sachs disseram em março que a “IA generativa” poderá levar a um salto dramático de produtividade nos EUA – de cerca de 1,5 ponto porcentual por ano ao longo de dez anos – e impulsionar substancialmente o crescimento mundial.
A Capital Economics disse que a IA deverá prejudicar o crescimento da Índia no curto prazo, em parte porque vai desacelerar o crescimento da terceirização de processos de negócios dos países desenvolvidos. O “desaparecimento lento” desse setor poderá reduzir o crescimento da Índia em 0,3 a 0,4 ponto porcentual ao ano na próxima década, diz o estudo.
A IA também terá grandes impactos nas economias, prevê o estudo. Ela deverá aumentar a desigualdade dentro dos países, uma vez que os benefícios acabam se revertendo mais para os donos do capital do que aos trabalhadores.
“Suspeitamos que a IA complementará a mão de obra altamente qualificada e que os retornos do capital ficarão concentrados num pequeno setor tecnológico, o que significa que a desigualdade de renda vai aumentar”, afirmam os pesquisadores.
Mas a IA não deverá levar a um desemprego permanentemente mais elevado, pois devem surgir novos empregos relacionados à IA e o aumento da produtividade também poderá levar a um aumento da demanda por bens e serviços, diz a Capital Economics. Mas “é provável que haja um grande transtorno no curto prazo.”
Fonte: Valor Econômico

