O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que tem muita “confiança técnica” no Banco Central (BC), que está havendo uma discussão técnica dos diretores da autoridade monetária sobre a taxa terminal dos juros e que ela será feita “à luz de vários indicadores”. Haddad falou em coletiva na embaixada do Brasil em Roma, Itália.
Haddad disse acreditar que há pessoas qualificadas no Banco Central que “vão saber tomar a melhor decisão levando em consideração todos esses fatores”. O ministro ressaltou que a crença dele é que os diretores vão se deixar guiar pela missão institucional do BC de perseguir a meta de inflação.
O ministro elencou alguns fatores, como “o fato de que inflação vem vindo bem desde que o ciclo de cortes começou” ressaltando que a inflação está abaixo de 4% “consistentemente”. Haddad também mencionou uma preocupação com expectativas futuras, “mas penso que ainda assim discretas e bastante superáveis”.
O ministro ainda afirmou que se considerar uma inflação de 2022 “sem maquiagem” em 8,25% e olhar a inflação atual abaixo de 4%, “o que o Brasil conquistou em termos de combate à inflação é bastante significativo. Faço questão de frisar esse esforço nacional que foi feito por toda a área econômica”.
No cenário externo, o ministro ressaltou uma preocupação com o comportamento do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Na Europa, Haddad disse que um debate sobre a quantidade de cortes, se serão dois, três ou “há quem fale até em quatro cortes de 0,25 ponto percentual este ano”.
Nos Estados Unidos, segundo Haddad, a discussão é se serão possíveis dois cortes nos juros em 2024. “Para quem acompanha esse debate há mais tempo, desde o encontro de Marrakesh que nós estamos aguardando o início desse ciclo, alguns previam para junho, o que é muito pouco provável, mas havia na ocasião quem previsse que os cortes começariam em março deste ano, então veja que houve muitos equívocos de comunicação e percepção ao longo dos últimos meses sobre isso.”
Questionado sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/23, que trata da autonomia financeira do Banco Central (BC), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o BC já é autônomo e que a proposta discute uma questão corporativa “que merece atenção”.
Segundo o ministro, é o Ministério da Gestão e da Inovação nos Serviços Públicos (MGI) que está encarregado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de levar a discussão à frente, “mas isso não tem impacto sobre autonomia, isso já está garantindo por lei complementar”.
O ministro disse que não há interesse na discussão de restringir a autonomia, “mas temos interesse de discutir no âmbito da Esplanada como tratar das categorias profissionais da melhor maneira possível. É nesse âmbito que está sendo discutido a matéria no MGI”.
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Fonte: Valor Econômico

